quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Oliver Messiaen fez história.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje abordará uma das maiores mentes da vanguarda do século XX, Oliver Messiaen, além de sua grande contribuição como professor do Conservatório de Paris, por assim formando muitos seguidores, deve ser lembrado também pelas composições originais e repertório muito representativo para o século.
Oliver Messiaen nasceu em Avignon, na França, em 1908. Filho de um professor e uma poetisa, possibilitando que tivesse grande contato com obras literárias em sua juventude, paralelamente   praticava de piano e composição de forma auto didata. Aos 11 anos de idade ingressa de forma precoce no Conservatório de Paris, onde passa a ser aluno de Gallon, Dupré, Emmanuel e Dukas, nas horas vagas estuda cantochão, música indiana, livros sagrados e poesias.
Com 23 anos consegue o cargo de organista da Trinité, onde vão ser compostas suas primeiras obras relevantes para órgão, tais como: Apparition de l'Église éternele, L'Ascenson e La Nativité.
Durante os anos de guerra, entre 1940 à 1942, é preso pelas tropas inimigas e fica no campo de concentração de Stalag VIII A em Görlitz, perto da Polônia. Nesse período compõe uma de suas obras mais famosas, Quarteto para o fim dos tempos, a qual é estreada em 1941 no mesmo campo.
No ano de sua libertação, em 1942, consegue trabalho como professor de harmônia do Conservatório.
Em 1945 compõe Vingt regards sur l'enfant Jésus e Petites liturgies de la présence divine, ainda publica o tratado de composição Technique de mon langage musical, causando grandes polêmicas.
Em 1947 consegue também os cargos de professor de análise, estética e rítmica no Conservatório. Dois anos após essa aquisição de cargos, compõe Mode de valeurs et d'intensités, a qual da uma orientação à nova música.
Dentre seus alunos podemos destacar: Boulez, Le Roux, Duhamel, Nigg, Barraqué, Ballif, Pierre Henry, Yvonne Lotant, Stockhausen, Xenakis, Constant, Prey, Betsy Jolas, Philippot, Fano, J.P., Guézec, G. Amy, P. Mefano, entre outros.
Suas principais obras são: Trois petites liturgies de la présence divine, Cinq rechants, La transfiguration de Notre Seigneur Jésus-Christ, Três ciclos de melodias: Poèmes pour Mi, Chants de terre et de ciel e Harawi, L'Ascension, Turangalila-Symphonie e Chronochromie, Et expecto resurrectonem motuorum, Oiseaux exotiques, Réveil céleste, Sept Hai-kai, Des canyons aux étoiles, Quartour por la fin du temps, Vingt regards sur l'enfant Jésus e Catalogue d' oisseaux, e uma grandiosa obra para órgão.
A inspiração do compositor é bem vasta, desde a sua fé pela religião católica até os sons da natureza, principalmente os pássaros. Messiaen não é o primeiro a relatar o som dos pássaros em uma música, mas certamente é um dos maiores admiradores dessas aves, conhece uma extraordinária quantidade desses cantos, com as anotações em seu caderno com o mais minucioso cuidado.



Messiaen ao piano.


 

            Djalma de Campos, 18/02/2015.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Beethoven e a solidão.

Olá, tudo bem ?
Depois de um período de ausência de postagens, aqui estamos de volta.
O Música faz História de hoje vai falar da relação de Ludwig van Beethoven com as mulheres que cruzaram seus caminhos através das diversas fases de sua vida.
O retrato de um compositor miserável, arrogante e incompreendido que tanto se propaga não da espaço aparente ao lado do exagêro romântico e de quanto a solidão o assustava.
Talvez a primeira mulher a abalar o coração do músico foi a cantora Magdalena Willman (?-?). Era um amor não correspondido, pois rejeita o pedido de casamento com a desculpa afirmando '' porque ele era feio demais e meio louco.'' Desde então, Beethoven vira um assediador de mulheres.
A segunda é Giulietta Guicciardi (1784 - 1856), a quem ele dedicou a sua Sonata op. 27, foi sua aluna entre 1801 - 1803, se tornou uma fonte inspiradora para o compositor.
Talvez a mais importante na vida do compositor foi Josefina von Brunswick (1779-1821), a quem foi dedicada as sonatas op. 31. Quando ele a conheceu ela era esposa do conde von Deyn, de quem fica viúva em 1804. Mas em 1810 ela se casa novamente com o barão von Stackelberg, sendo que o casamento durou apenas 2 anos, até a morte do marido. O amor entre Josefina e Ludwig é secreto, por assim apenas descoberto pelas cartas que a irmã de Josefina, Teresa Von Brunswick, guardava.
Teve uma breve amizade com Teresa Von Brunswick, dedicando a Sonata op. 78.
O maior número de dedicatórias de obras do compositor, Trios op.70 e a Sonata para violoncelo e piano op.102 nº2, é para Maria Von Erdödy (1779-1837). Beethoven viveu em sua casa durante 1808 e 1809, até ela partir pra Itália e o contato ser perdido.
Outro amor foi pela jovem Theresa Malfatti (1792-1856), a conhecendo quando ela tinha apenas 17 anos. O amor desesperado pela garota é totalmente arruinado pela recusa da família quando o pedido de casamento é feito. Hoffnung, Sehnsucht e o ciclo An die ferne Geliebte são frutos da inspiração por Theresa.
Um dos últimos relacionamentos de Beethoven é em sua pior fase, caminhando para a total surdez. Bettina Brentano (1785-1759), cujo era poetisa e amiga de Goethe, foi uma amizade muito próxima que se transformou em amor, mas como nos anteriores o casamento não se concretizou.
A última aventura amorasa dele foi passageira, com Amalia Sebald (1786-?), uma cantora de Berlim.

                                     


                                                                            Meine Unsterblich Geliebte
Meine Unsterblich Geliebte é o título em alemão de '' Minha amada imortal. '', cartas escritas pelo compositor a um grande amor secreto, apenas sendo descoberto esse documento após a morte do músico, junto do Testamento de Heiligenstadt.
De acordo com alguns trabalhos, como de Massin, dão nome a até então desconhecida personagem presente na carta de Beethoven. Apontam para Josefina von Brunswick, seu amor mantido em segredo, por causa de seu casamento com o barão von Stackelberg.

Esta é a tradução da carta original em alemão :



Manhã de 6 de julho [de 1812]

Meu anjo, meu tudo, meu ser. Apenas algumas palavras hoje, à lápis (o seu). Até amanhã, a minha morada estará definida. Que desperdício de tempo. Por que [sinto] esta tristeza profunda quando a necessidade fala? Pode o nosso amor resistir ao sacrifício, em não exigir a totalidade um do outro? Pode mudar o fato de que você não é toda minha nem sou todo seu? Oh, Deus! Olhe para a beleza da natureza e conforte o seu coração com o que deve ser. O amor exige tudo e com razão. Assim, eu estou em você e você em mim. Mas você se esquece facilmente que preciso viver para mim e para você. Se estivéssemos completamente unidos, você sentiria esta dor tão próxima quanto eu sinto.

A minha viagem foi terrível; só cheguei ontem às 4 horas da manhã, uma vez que na falta de cavalos, o cocheiro escolheu um outro caminho, mas que caminho terrível. Na penúltima parada fui avisado para não viajar à noite, fiquei com medo da floresta, e isso só me deixou mais ansioso – e eu estava errado. O cocheiro precisou parar na estrada infeliz, uma estrada imprestável e barrenta. Se estivesse sem os apetrechos que levo comigo teria ficado preso na estrada. Esterhazy, percorrendo este caminho habitual, teve o mesmo destino com oito cavalos que eu tive com quatro.

Senti algum prazer nisso, como sempre sinto quando supero com sucesso as dificuldades. Agora uma rápida mudança das coisas externas para as internas. Provavelmente nos veremos em breve, mas hoje não posso compartilhar contigo os pensamentos que tive durante estes poucos dias dias sobre a minha vida. Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum deles. O meu coração está repleto de coisas que gostaria de dizer-te. Ah. Há momentos que sinto esse discurso não ser nada. Alegre-se. Você permanece [sendo] a minha verdade, o meu tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem nos mandar o restante, aquilo que deve ser para nós e será.
Seu fiel Ludwig.


Segunda, noite de 6 de julho [de 1812]

Você está sofrendo, minha querida criatura. Só agora percebi que as cartas precisam ser enviadas nas segundas ou quintas de manhã bem cedo. Os únicos dias em que o correio vai daqui para K [arlsbad ?]. Você está sofrendo. Ah, não importa onde eu estou, você está lá. Eu arrumarei isso entre eu e você para que possa viver contigo. Que vida!!! Assim!!! Sem você, perseguido pela bondade humana, o que pouco quero merecer é o que mereço. A humildade do homem diante do homem me machuca. E quando me considero em relação ao universo, o que eu sou e o que é Ele, a quem chamamos de maior, ainda assim, nisto reside a divindade do homem.

Choro ao pensar que provavelmente não receberá a minha primeira carta antes de sábado. Por mais que você me ame, eu te amo mais. Mas nunca se oculte de mim. Boa noite. Devo ir dormir. Oh, Deus! Tão perto! Tão longe! Não é o nosso verdadeiro amor uma construção celestial, mesmo assim é firme como as colunas do céu?


Bom dia, em 7 de julho [de 1812]

Embora ainda esteja na cama, os meus pensamentos vão até você, minha Amada Imortal, agora felizes, depois tristes, esperando para saber se o destino nos ouvirá ou não. Eu só posso viver completo contigo ou não viver. Sim, estou decidido a vaguear assim por muito tempo longe de você até que possa voar para os seus braços e dizer que estou em casa, e poder enviar a minha alma envolta em você ao reino dos espíritos. Sim, isto deve ser tão infeliz. Você será mais contida quando souber da minha fidelidade à você. Outra jamais poderá ter o meu coração, nunca, nunca, Oh, Deus! Por que um precisa estar separado do outro quando se ama. E, no entanto, a minha vida em V[iena] é agora uma vida miserável.

O teu amor me faz ao mesmo tempo o mais feliz e infeliz dos homens. Na minha idade eu preciso de estabilidade, de uma vida tranquila. Pode ser assim na nossa relação? Meu anjo, acabo de ser informado que o carteiro sai todos os dias. Por isso devo terminar logo para que você possa receber a carta logo. Fique tranquila, somente através da consideração tranquila de nossa existência podemos atingir o objetivo de vivermos juntos. Fique tranquila, me ame, hoje, ontem, desejos sofridos por você, você, você, minha vida, meu tudo, adeus. Oh, continue a me amar, jamais duvide do coração fiel de seu amado.
Sempre teu
Sempre minha
Sempre nosso.     
  
      







                                               
                                                Josefina von Brunswick, 1804.












Fonte:

Roland de Candé: História Universal da Música.

Djalma de Campos, 23/01/2015.