quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Oliver Messiaen fez história.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje abordará uma das maiores mentes da vanguarda do século XX, Oliver Messiaen, além de sua grande contribuição como professor do Conservatório de Paris, por assim formando muitos seguidores, deve ser lembrado também pelas composições originais e repertório muito representativo para o século.
Oliver Messiaen nasceu em Avignon, na França, em 1908. Filho de um professor e uma poetisa, possibilitando que tivesse grande contato com obras literárias em sua juventude, paralelamente   praticava de piano e composição de forma auto didata. Aos 11 anos de idade ingressa de forma precoce no Conservatório de Paris, onde passa a ser aluno de Gallon, Dupré, Emmanuel e Dukas, nas horas vagas estuda cantochão, música indiana, livros sagrados e poesias.
Com 23 anos consegue o cargo de organista da Trinité, onde vão ser compostas suas primeiras obras relevantes para órgão, tais como: Apparition de l'Église éternele, L'Ascenson e La Nativité.
Durante os anos de guerra, entre 1940 à 1942, é preso pelas tropas inimigas e fica no campo de concentração de Stalag VIII A em Görlitz, perto da Polônia. Nesse período compõe uma de suas obras mais famosas, Quarteto para o fim dos tempos, a qual é estreada em 1941 no mesmo campo.
No ano de sua libertação, em 1942, consegue trabalho como professor de harmônia do Conservatório.
Em 1945 compõe Vingt regards sur l'enfant Jésus e Petites liturgies de la présence divine, ainda publica o tratado de composição Technique de mon langage musical, causando grandes polêmicas.
Em 1947 consegue também os cargos de professor de análise, estética e rítmica no Conservatório. Dois anos após essa aquisição de cargos, compõe Mode de valeurs et d'intensités, a qual da uma orientação à nova música.
Dentre seus alunos podemos destacar: Boulez, Le Roux, Duhamel, Nigg, Barraqué, Ballif, Pierre Henry, Yvonne Lotant, Stockhausen, Xenakis, Constant, Prey, Betsy Jolas, Philippot, Fano, J.P., Guézec, G. Amy, P. Mefano, entre outros.
Suas principais obras são: Trois petites liturgies de la présence divine, Cinq rechants, La transfiguration de Notre Seigneur Jésus-Christ, Três ciclos de melodias: Poèmes pour Mi, Chants de terre et de ciel e Harawi, L'Ascension, Turangalila-Symphonie e Chronochromie, Et expecto resurrectonem motuorum, Oiseaux exotiques, Réveil céleste, Sept Hai-kai, Des canyons aux étoiles, Quartour por la fin du temps, Vingt regards sur l'enfant Jésus e Catalogue d' oisseaux, e uma grandiosa obra para órgão.
A inspiração do compositor é bem vasta, desde a sua fé pela religião católica até os sons da natureza, principalmente os pássaros. Messiaen não é o primeiro a relatar o som dos pássaros em uma música, mas certamente é um dos maiores admiradores dessas aves, conhece uma extraordinária quantidade desses cantos, com as anotações em seu caderno com o mais minucioso cuidado.



Messiaen ao piano.


 

            Djalma de Campos, 18/02/2015.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Beethoven e a solidão.

Olá, tudo bem ?
Depois de um período de ausência de postagens, aqui estamos de volta.
O Música faz História de hoje vai falar da relação de Ludwig van Beethoven com as mulheres que cruzaram seus caminhos através das diversas fases de sua vida.
O retrato de um compositor miserável, arrogante e incompreendido que tanto se propaga não da espaço aparente ao lado do exagêro romântico e de quanto a solidão o assustava.
Talvez a primeira mulher a abalar o coração do músico foi a cantora Magdalena Willman (?-?). Era um amor não correspondido, pois rejeita o pedido de casamento com a desculpa afirmando '' porque ele era feio demais e meio louco.'' Desde então, Beethoven vira um assediador de mulheres.
A segunda é Giulietta Guicciardi (1784 - 1856), a quem ele dedicou a sua Sonata op. 27, foi sua aluna entre 1801 - 1803, se tornou uma fonte inspiradora para o compositor.
Talvez a mais importante na vida do compositor foi Josefina von Brunswick (1779-1821), a quem foi dedicada as sonatas op. 31. Quando ele a conheceu ela era esposa do conde von Deyn, de quem fica viúva em 1804. Mas em 1810 ela se casa novamente com o barão von Stackelberg, sendo que o casamento durou apenas 2 anos, até a morte do marido. O amor entre Josefina e Ludwig é secreto, por assim apenas descoberto pelas cartas que a irmã de Josefina, Teresa Von Brunswick, guardava.
Teve uma breve amizade com Teresa Von Brunswick, dedicando a Sonata op. 78.
O maior número de dedicatórias de obras do compositor, Trios op.70 e a Sonata para violoncelo e piano op.102 nº2, é para Maria Von Erdödy (1779-1837). Beethoven viveu em sua casa durante 1808 e 1809, até ela partir pra Itália e o contato ser perdido.
Outro amor foi pela jovem Theresa Malfatti (1792-1856), a conhecendo quando ela tinha apenas 17 anos. O amor desesperado pela garota é totalmente arruinado pela recusa da família quando o pedido de casamento é feito. Hoffnung, Sehnsucht e o ciclo An die ferne Geliebte são frutos da inspiração por Theresa.
Um dos últimos relacionamentos de Beethoven é em sua pior fase, caminhando para a total surdez. Bettina Brentano (1785-1759), cujo era poetisa e amiga de Goethe, foi uma amizade muito próxima que se transformou em amor, mas como nos anteriores o casamento não se concretizou.
A última aventura amorasa dele foi passageira, com Amalia Sebald (1786-?), uma cantora de Berlim.

                                     


                                                                            Meine Unsterblich Geliebte
Meine Unsterblich Geliebte é o título em alemão de '' Minha amada imortal. '', cartas escritas pelo compositor a um grande amor secreto, apenas sendo descoberto esse documento após a morte do músico, junto do Testamento de Heiligenstadt.
De acordo com alguns trabalhos, como de Massin, dão nome a até então desconhecida personagem presente na carta de Beethoven. Apontam para Josefina von Brunswick, seu amor mantido em segredo, por causa de seu casamento com o barão von Stackelberg.

Esta é a tradução da carta original em alemão :



Manhã de 6 de julho [de 1812]

Meu anjo, meu tudo, meu ser. Apenas algumas palavras hoje, à lápis (o seu). Até amanhã, a minha morada estará definida. Que desperdício de tempo. Por que [sinto] esta tristeza profunda quando a necessidade fala? Pode o nosso amor resistir ao sacrifício, em não exigir a totalidade um do outro? Pode mudar o fato de que você não é toda minha nem sou todo seu? Oh, Deus! Olhe para a beleza da natureza e conforte o seu coração com o que deve ser. O amor exige tudo e com razão. Assim, eu estou em você e você em mim. Mas você se esquece facilmente que preciso viver para mim e para você. Se estivéssemos completamente unidos, você sentiria esta dor tão próxima quanto eu sinto.

A minha viagem foi terrível; só cheguei ontem às 4 horas da manhã, uma vez que na falta de cavalos, o cocheiro escolheu um outro caminho, mas que caminho terrível. Na penúltima parada fui avisado para não viajar à noite, fiquei com medo da floresta, e isso só me deixou mais ansioso – e eu estava errado. O cocheiro precisou parar na estrada infeliz, uma estrada imprestável e barrenta. Se estivesse sem os apetrechos que levo comigo teria ficado preso na estrada. Esterhazy, percorrendo este caminho habitual, teve o mesmo destino com oito cavalos que eu tive com quatro.

Senti algum prazer nisso, como sempre sinto quando supero com sucesso as dificuldades. Agora uma rápida mudança das coisas externas para as internas. Provavelmente nos veremos em breve, mas hoje não posso compartilhar contigo os pensamentos que tive durante estes poucos dias dias sobre a minha vida. Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum deles. O meu coração está repleto de coisas que gostaria de dizer-te. Ah. Há momentos que sinto esse discurso não ser nada. Alegre-se. Você permanece [sendo] a minha verdade, o meu tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem nos mandar o restante, aquilo que deve ser para nós e será.
Seu fiel Ludwig.


Segunda, noite de 6 de julho [de 1812]

Você está sofrendo, minha querida criatura. Só agora percebi que as cartas precisam ser enviadas nas segundas ou quintas de manhã bem cedo. Os únicos dias em que o correio vai daqui para K [arlsbad ?]. Você está sofrendo. Ah, não importa onde eu estou, você está lá. Eu arrumarei isso entre eu e você para que possa viver contigo. Que vida!!! Assim!!! Sem você, perseguido pela bondade humana, o que pouco quero merecer é o que mereço. A humildade do homem diante do homem me machuca. E quando me considero em relação ao universo, o que eu sou e o que é Ele, a quem chamamos de maior, ainda assim, nisto reside a divindade do homem.

Choro ao pensar que provavelmente não receberá a minha primeira carta antes de sábado. Por mais que você me ame, eu te amo mais. Mas nunca se oculte de mim. Boa noite. Devo ir dormir. Oh, Deus! Tão perto! Tão longe! Não é o nosso verdadeiro amor uma construção celestial, mesmo assim é firme como as colunas do céu?


Bom dia, em 7 de julho [de 1812]

Embora ainda esteja na cama, os meus pensamentos vão até você, minha Amada Imortal, agora felizes, depois tristes, esperando para saber se o destino nos ouvirá ou não. Eu só posso viver completo contigo ou não viver. Sim, estou decidido a vaguear assim por muito tempo longe de você até que possa voar para os seus braços e dizer que estou em casa, e poder enviar a minha alma envolta em você ao reino dos espíritos. Sim, isto deve ser tão infeliz. Você será mais contida quando souber da minha fidelidade à você. Outra jamais poderá ter o meu coração, nunca, nunca, Oh, Deus! Por que um precisa estar separado do outro quando se ama. E, no entanto, a minha vida em V[iena] é agora uma vida miserável.

O teu amor me faz ao mesmo tempo o mais feliz e infeliz dos homens. Na minha idade eu preciso de estabilidade, de uma vida tranquila. Pode ser assim na nossa relação? Meu anjo, acabo de ser informado que o carteiro sai todos os dias. Por isso devo terminar logo para que você possa receber a carta logo. Fique tranquila, somente através da consideração tranquila de nossa existência podemos atingir o objetivo de vivermos juntos. Fique tranquila, me ame, hoje, ontem, desejos sofridos por você, você, você, minha vida, meu tudo, adeus. Oh, continue a me amar, jamais duvide do coração fiel de seu amado.
Sempre teu
Sempre minha
Sempre nosso.     
  
      







                                               
                                                Josefina von Brunswick, 1804.












Fonte:

Roland de Candé: História Universal da Música.

Djalma de Campos, 23/01/2015.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Testamento de Heiligenstadt, Beethoven.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje apresenta o Testamento de Heiligenstadt, cujo encontrei no blog do Henrique Autran Dourado.
Heiligenstadt é um subdistrito de Viena, na Áustria, belo e arborizado como todas os vilarejos germânicos. Heiligenstadt quer dizer cidade sagrada, mas já havia indícios da religiosidade local desde o início do século 12, quando era conhecido como São Miguel, ainda antes da chegada do cristianismo.  A vila remonta a mais de cinco mil anos, e há vestígios de assentamentos romanos. Séculos depois, com um comércio de vinhos bastante próspero, passou a ser um dos assentamentos mais ricos da região.
Viena era o grande centro musical durante o período clássico, e Beethoven para lá se mudou, pois teria mais público e melhor renda. Lá, mudou-se dezenas de vezes, ora abandonando suas moradas, outras expulso pelos senhorios. Não era um inquilino muito fácil, pois era desorganizado, incomodava com seu fortepiano (precursor do piano moderno), era carrancudo, malvisto  e de poucos amigos.
Apesar de tudo isso, era um nome famoso, coberto de glória. Prova disso é que, devido ao sem-número de mudanças de residência, um amigo, decepcionado com as cartas escritas e não recebidas, queria saber, afinal, qual seria o endereço correto, para que pudesse enviar suas cartas. O compositor: “escreva apenas ‘Beethoven, Viena’”. Em 1802, Beethoven seguiu os conselhos de seu médico e mudou-se para Heiligenstadt, lugar mais tranquilo, pastoril, diferente da capital. Lá, tentou debelar uma crescente e doentia neurose, seu drama pela perda da audição e um desejo recorrente de suicidar-se.
No final dessa estadia, em 6 de outubro de 1802, Beethoven escreve uma carta para seus irmãos Carl e Johann, um dos relatos mais candentes da história da humanidade. Guardou-a em sua escrivaninha, e nunca enviou aos destinatários. Foi descoberta apenas em 1827, após sua morte, e entrou para a história como o Testamento de Heiligenstadt, desabafo dramático de um ser humano no limiar do desespero final.
Confuso, o Testamento menciona o irmão Carl, mas onde deveria estar o nome de seu outro irmão, Johann, havia um espaço em branco (ver foto abaixo com a “omissão” assinalada em vermelho) – o que gerou diversas teorias, sendo que em um documento que deveria produzir efeitos legais, espelharia certas
preferências familiares do compositor. Teve 19 anos para cometer a ameaça de suicídio, sem nunca fazê-lo.
“Ó homens que me consideram intratável, insociável, como estão equivocados! Não conhecem as razões profundas que me levam a parecer assim. (...) Vivo, há seis anos, padecendo de uma triste doença (N. do A.: a surdez), agravada pela ignorância dos médicos. Vivo na ilusão da cura deste mal, que, se for curável, ao menos levará muitos anos. Nascido com um temperamento vivo, fui sendo obrigado a me isolar em uma vida solitária”.
E prossegue: “como aceitar esse defeito, logo um sentido que em mim deveria ser mais perfeito do que nos outros? Não me é possível dizer a todos ‘falem mais alto, gritem, estou surdo’! Devo viver em um exílio”. (...) “E que humilhação quando alguém percebia o som distante de uma flauta e eu nada conseguia ouvir! Ou quando escutavam o canto de um pastor e eu nada ouvia! Esses incidentes me levaram ao desespero e pouco faltou para que, com minhas próprias mãos, eu encerrasse minha existência. Mas pareceu-me impossível deixar este mundo sem que houvesse concluído a missão que me confiei”.
A partir daí, Beethoven começam os pedidos: “Peço-vos, irmãos, assim que me fecharem os olhos, que o professor Schimith, se ainda estiver vivo, faça em meu nome a descrição de minha doença, e que seja juntada a isso que escrevo, para que o mundo, depois da minha morte, possa se reconciliar comigo”. E agora, vai ao testamento material propriamente dito, para que produza efeitos legais: “Eu os declaro (N. do A.: os irmãos) ambos herdeiros de minha pequena fortuna. Repartam-na com honestidade e ajudem-se um ao outro. O que fizeram contra mim, bem sabem, já foi perdoado”.

Beethoven não se furtou a aconselhar seus irmãos e pediu que suas súplicas fossem extensivas aos seus sobrinhos: “Só a virtude me ergueu da desgraça, só a ela e à minha música devo não ter encerrado com o suicídio  os meus tristes dias. Adeus e me conservem em suas amizades”.  Parecendo que suas ideias e delírios se avolumavam, assim como os desenvolvimentos perfeitos de suas sinfonias, prepara-se para morrer, a “coda” (trecho que encerra o movimento ou a obra) final: “Recebo com felicidade a morte. (...) Ficarei contente pois ela me livrará deste tormento sem fim. Venha quando quiser, eu a enfrentarei com coragem! Sejam felizes! Heilingestadt, 6 de outubro de 1802. Ludwig Van Beethoven.”










Artefatos de Beethoven para auxílio na audição.








Djalma de Campos 11/04/2014.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Índios, o canto da natureza.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar sobre o pouco de que se sabe a respeito da cultura indígena, a qual sofreu opressão durante um longo período de tempo, aliás, tempo o suficiente para que em sua própria terra, boa parte da cultura fosse massacrada e perdida, graças a ambição do branco europeu, ocasionalmente  perdendo tradições milenares, que sem o menor tipo de remorso, foram simplesmente ignoradas sem direito de entrar nos livros para serem contadas as suas histórias.
A música indígena brasileira é de um vasto universo, se tornando muito importante para o índio, desde aproximação social na tribo, até em rituais ligados a deuses e suas formas de crença.
Porém o choque com os pensamentos e ideais da Europa fizeram que houvessem muitas mudanças, principalmente nos modos de manifestações artísticas e de vida dos indígenas, que foram ficando cada vez mais oprimidos pelo homem branco, mantendo assim a impossível tarefa de transportar essa cultura para fora dos limites de suas aldeias. Por sorte há algumas décadas vem se dando uma atenção e um enfoque maior para esse tipo de arte, principalmente após os trabalhos e pesquisas do compositor brasileiro Heitor Villa Lobos.
A música dos índios funciona como um espelho sobre suas visões de mundo, com um pouco de um universo mágico, sendo representante de muitos mitos, cultos e curas. A lenda que se conta em muitas tribos indígenas, é de que a música surgiu como um presente dos deuses, cujo estavam entristecidos com o silêncio que persistia em existir no mundo dos humanos, já outras acreditam que são ancestrais que se comunicam de forma inconsciente com os vivos, sendo que a composição de novas músicas se dá apenas ao pajé, ficando responsável por criar algo que leve as pessoas ao transe e encoraje os guerreiros.
Uma outra característica observada é a divisão dos homens e mulheres na música dentro da tribo, sendo que alguns tipos de canções e instrumentos, apenas pode ser executado por homens.
Por não seguir o sistema tonal, possui a sonoridade bem específica dando bastante atenção a timbres característicos, ficando difícil fazer uma transposição para o nossos padrões de música,  e ainda não existe um concreto tipo de notação musical, dependendo assim de os mais velhos passarem os ensinamentos. O instrumento que mais se prevalece é a voz, dando uma base ritmada para execução de danças ou celebrações, despertando uma sensação de pulsação flutuante no andamento da música, e ainda no canto também se identificam com a natureza, como imitando sons da floresta e canto dos pássaros.
A necessidade de que se preserve esse tipo de cultura é de extrema importância, pela diferente visão de mundo que possuem, nos ensinando a ver com outros olhos os acontecimentos da natureza e mostrando as suas próprias maneiras de enfrentar o tempo perdido, passando a sensação de verdadeiros guerreiros com resistência cultural contra a sua extinção.


Ñande Reko Arandu : https://www.youtube.com/watch?v=l469uaunv6A

Mawaca - Cantos da Floresta : https://www.youtube.com/watch?v=DICMrBkqcLo


Djalma de Campos, 28/03/2014.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Grécia e a Doutrina de Ethos.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar um pouco mais sobre uma teoria que surgiu desde a Grécia Antiga, que basicamente dizia que você é, o que você ouve. Não era uma teoria qualquer, pois ela insistia em fazer uma ligação da matemática com a música, acreditando em uma interferência tanto no que é visível ou invisível, sendo batizada de Doutrina de Ethos.
Diziam os gregos que dependendo do estilo de música teria a capacidade de atingir o universo, por isso muitos músicos da mitologia faziam milagres. Alguns desses estilos eram capazes  de influenciar no caráter e na personalidade de uma pessoa. Aristóteles explicou essa doutrina afirmando que a música apenas representa diretamente aquilo que está na alma, portanto quando ouvirmos música que nos desperte raiva, tomaremos essa raiva para nós, quando ouvirmos sobre amor, começaremos a amar, e assim por diante.
Aderindo assim a doutrina para o ensino dos jovens, visando que uma boa educação, exercícios físicos e música , poderiam criar pessoas do mais alto nível, pois os exercícios cuidaria de manter o corpo saudável, já a música seria responsável pela manutenção da mente, tanto que uma frase muito utilizada era '' Deixai-me fazer as canções de uma nação, que pouco me importa quem faz as suas leis. ''
Nessa delimitação musical imposta, talvez também pudessem estar tentando restringir tipos de ações que eram bastante presentes na época, como ritmos de atos orgiásticos.
Alguns defendem que essa doutrina realmente fazia sentido, pois a utilização da música naquela época era de uma forma bem diferente de hoje, e que durante momentos da história realmente os governantes proibiram alguns tipos de música, visando o bem estar da população. Fazendo assim uma divisão entre as músicas que despertavam a calma ligadas a Apolo ( utilizando como instrumento a lira ),  e as outras ligadas ao culto de Dionísio ( que utilizava como instrumento o aulos ).


Djalma de Campos, 17/03/2014.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Um pouco de Villa Lobos no dia nacional da música clássica.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje dá os parabéns ao compositor brasileiro Heitor Villa Lobos, e decidi escrever brevemente sobre o conjunto de choros compostos na década de 20, mas divididos durante os anos, se tornando posteriormente algumas de suas músicas mais conhecidas no Brasil e no mundo todo.
Os choros compreendem em 12 obras, porém não sendo criadas em ordem cronológica, podendo observar o choro nº 8 composto em 1925 e o choro nº 6 composto em 1926, sendo que na década de 20 foi um período de grandes composições para o autor, como os estudos para violão, as serestas e as cirandas para piano.
O contato do Villa Lobos com os choros, vem desde sua juventude, quando ele passou a ficar cada vez mais fascinado pelo violão, e do aumento de interesse pela música popular da época, juntando-se assim nas rodas com os chorões.
As músicas do Villa Lobos representam muito para o Brasil, principalmente no caráter nacionalista e modernista, o qual foi responsável por reforçar uma identidade da música brasileira, tendo vivências únicas que conseguiu levar junto de seus pensamentos e sentimentos para dentro das salas de concerto.

Segue alguns choros abaixo.
Choro n.1 : http://www.youtube.com/watch?v=ByuJOjWVbUI
Choro n.2 :http://www.youtube.com/watch?v=uwD-qJfCfYo
Choro n.3 :http://www.youtube.com/watch?v=G9rzMZyCfFc
Choro n.4 :http://www.youtube.com/watch?v=RMeGzIHsT4A
Choro n. 5:http://www.youtube.com/watch?v=ETb4t7NecHw
Choro n. 6:http://www.youtube.com/watch?v=gyeUxoAK0iM
Choro n. 7:http://www.youtube.com/watch?v=k1eL2TiRjqI
Choro n. 8:http://www.youtube.com/watch?v=3vJm4k3fvKw
Choro n. 9:http://www.youtube.com/watch?v=KQdAkhusRps
Choro n. 10:http://www.youtube.com/watch?v=HuLHxKF42f4
Choro n. 11:http://www.youtube.com/watch?v=NfRanER4Q4E
Choro n. 12:http://www.youtube.com/watch?v=7bwLkFBCtNQ

Djalma de Campos 05/03/2014.

domingo, 2 de março de 2014

Chiquinha Gonzaga, a eterna maestrina brasileira.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje está em pleno carnaval, então não podemos deixar de citar a maestrina brasileira Chiquinha Gonzaga, pianista e compositora de música popular brasileira, a qual compôs uma das marchinhas mais conhecidas dos desfiles de carnaval, Ó abre alas que data de 1899, transformando assim muita coisa no nosso país, misturando ritmos europeus e africanos para criar uma música que cativasse todos que ouvissem, e ao mesmo tempo se colocava na linha de frente para abrir independência da mulher do século XX.
Chiquinha nasceu em 1847, filha de Rosa Maria Neves Lima uma negra, com José Basileu Gonzaga, general do exército. Apesar de todos serem contra, José assumiu a filha cujo teve uma educação na aristocracia, e como toda família aristocrata ela passou a ter aulas de música com um dos melhores professores da época, o Maestro Lobo. Desde cedo teve contato com as músicas e manifestações africanas que via acontecer pela cidade, como rodas de lundu e ritmos africanos, sendo que via nisso uma forte identificação com a sua vida.
Aos 12 anos ela apresenta sua primeira música em uma reunião da família, intitulada Canção dos  Pastores, e imediatamente a família notou a grande intimidade que a menina tinha com as teclas do piano. Porém aos 16 anos de idade, seu pai a obriga casar-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Brasileira. O casamento dura cerca de 5 anos e ela teve 3 filhos com Jacinto, mas quando seu marido começou a obriga-la a parar com a música, ela mostra que não era subordinada a ninguém, e mesmo contrário aos costumes da época ela se separa, momento o qual foi um grande escândalo para a família e conhecidos. Ela continuou a tocar e compor, até rever um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, com quem teve mais uma filha, no entanto seu atual marido era o oposto do primeiro relacionamento, muito mais liberal e não restringia sua vontade de tocar piano, porém ela uma vez o pegou a traindo, sendo que isso foi uma grande decepção, a partir daí ela resolveu se virar sozinha tocando,compondo e dando aulas,  o que era o suficiente para conseguir sobreviver.
A identificação com polcas e quadrilhas de músicas de salão da Europa, foram bastante estudadas em seu repertório, nisso ela conseguiu fazer uma mistura desses ritmos europeus com a música africana, compondo o seu primeiro grande sucesso, Atraente em 1877, chocando a sociedade da época por toda sua independência enquanto mulher, até mesmo o ato de não usar chapéu, era visto como um ato digno de repúdio pela sociedade, e ela se opunha usando apenas um lenço. Mas quando ela musicou a opereta  A corte da roça, ela virou uma identidade nacional sendo apoiado por muitos admiradores e pessoas que se identificavam com ela.
Desde então Chiquinha era bastante requisitada para musicar peças teatrais, e pouco tempo depois com  a sua segunda peça A filha do Guedes cujo ela mesma regeu, uma coisa inusitada tinha acabado de acontecer, a imprensa não sabia como chamá-la, primeiro deram o nome de ''maestra'' mas não acharam certo o termo, então inventaram uma nova palavra , maestrina, se tornando assim a primeira maestrina brasileira.
Poucos sabem que ela esteve em uma forte onda de ajuda na libertação dos escravos, sendo que um pouco do dinheiro que conseguia com a venda de partituras e tocando, ela destinava ao fundo responsável pela compra de alforrias para escravos.
Após a libertação em 1888, ela passa a destinar suas manifestações a uma nova causa, a república, cujo não demorou muito tempo para que isso acontecesse. E  ganhou o título  Alma Cantante do Brasil, em 1894.
Aos 52 anos ela encontra o seu último marido, um português de 16 anos chamado João Batista Fernandes Lajes, mais um choque de críticas em sua vida, por isso para muitos ela o apresentava como seu filho. No mesmo ano, no carnaval de 1899 ela encantada com os desfiles da Rosa de Ouro, se senta ao piano e compõe a primeira e mais conhecida marcha carnavalesca, Ó abre alas, sendo sucesso imediato, marcando muito fortemente os carnavais da primeira década do século, e em consideração foi homenageado por algumas escolas.
Em 1914 a primeira dama, Nair de Tefé,  começou a reclamar que no Palácio do Catete não se tocava música brasileira, assim o professor de musica a ensinou um tango ao violão composto por Chiquinha, intitulado O Corta Jaca.
Em 1917 ela consegue a vitória em uma outra campanha que vinha lutando desde 1911, sobre uma organização dos direitos autorais dos músicos, da qual ela foi a primeira sócia, ideia da criação veio após descobrir que haviam músicas suas publicadas
na Europa com outros títulos e que não citavam o seu nome.
Cerca de 18 anos se passaram e as suas criações continuaram de uma forma excelente e muito adorada por todos que ouviam, porém em 28 de fevereiro de 1935 ela morre em pleno carnaval, deixando mais de 2 mil composições musicais e 77 peças teatrais, e muito mais alem, ela deixou todo o seu amor pela música escrito na pauta musical, e a mensagens de independência e de total capacidade da mulher que aí estava por vir.

Atraente : https://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY

Lua Branca : https://www.youtube.com/watch?v=SdpQi4ceHYA

Ó abre alas : https://www.youtube.com/watch?v=7eCrMNfIvfE


Djalma de Campos, 02/03/2014.