domingo, 2 de março de 2014

Chiquinha Gonzaga, a eterna maestrina brasileira.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje está em pleno carnaval, então não podemos deixar de citar a maestrina brasileira Chiquinha Gonzaga, pianista e compositora de música popular brasileira, a qual compôs uma das marchinhas mais conhecidas dos desfiles de carnaval, Ó abre alas que data de 1899, transformando assim muita coisa no nosso país, misturando ritmos europeus e africanos para criar uma música que cativasse todos que ouvissem, e ao mesmo tempo se colocava na linha de frente para abrir independência da mulher do século XX.
Chiquinha nasceu em 1847, filha de Rosa Maria Neves Lima uma negra, com José Basileu Gonzaga, general do exército. Apesar de todos serem contra, José assumiu a filha cujo teve uma educação na aristocracia, e como toda família aristocrata ela passou a ter aulas de música com um dos melhores professores da época, o Maestro Lobo. Desde cedo teve contato com as músicas e manifestações africanas que via acontecer pela cidade, como rodas de lundu e ritmos africanos, sendo que via nisso uma forte identificação com a sua vida.
Aos 12 anos ela apresenta sua primeira música em uma reunião da família, intitulada Canção dos  Pastores, e imediatamente a família notou a grande intimidade que a menina tinha com as teclas do piano. Porém aos 16 anos de idade, seu pai a obriga casar-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Brasileira. O casamento dura cerca de 5 anos e ela teve 3 filhos com Jacinto, mas quando seu marido começou a obriga-la a parar com a música, ela mostra que não era subordinada a ninguém, e mesmo contrário aos costumes da época ela se separa, momento o qual foi um grande escândalo para a família e conhecidos. Ela continuou a tocar e compor, até rever um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, com quem teve mais uma filha, no entanto seu atual marido era o oposto do primeiro relacionamento, muito mais liberal e não restringia sua vontade de tocar piano, porém ela uma vez o pegou a traindo, sendo que isso foi uma grande decepção, a partir daí ela resolveu se virar sozinha tocando,compondo e dando aulas,  o que era o suficiente para conseguir sobreviver.
A identificação com polcas e quadrilhas de músicas de salão da Europa, foram bastante estudadas em seu repertório, nisso ela conseguiu fazer uma mistura desses ritmos europeus com a música africana, compondo o seu primeiro grande sucesso, Atraente em 1877, chocando a sociedade da época por toda sua independência enquanto mulher, até mesmo o ato de não usar chapéu, era visto como um ato digno de repúdio pela sociedade, e ela se opunha usando apenas um lenço. Mas quando ela musicou a opereta  A corte da roça, ela virou uma identidade nacional sendo apoiado por muitos admiradores e pessoas que se identificavam com ela.
Desde então Chiquinha era bastante requisitada para musicar peças teatrais, e pouco tempo depois com  a sua segunda peça A filha do Guedes cujo ela mesma regeu, uma coisa inusitada tinha acabado de acontecer, a imprensa não sabia como chamá-la, primeiro deram o nome de ''maestra'' mas não acharam certo o termo, então inventaram uma nova palavra , maestrina, se tornando assim a primeira maestrina brasileira.
Poucos sabem que ela esteve em uma forte onda de ajuda na libertação dos escravos, sendo que um pouco do dinheiro que conseguia com a venda de partituras e tocando, ela destinava ao fundo responsável pela compra de alforrias para escravos.
Após a libertação em 1888, ela passa a destinar suas manifestações a uma nova causa, a república, cujo não demorou muito tempo para que isso acontecesse. E  ganhou o título  Alma Cantante do Brasil, em 1894.
Aos 52 anos ela encontra o seu último marido, um português de 16 anos chamado João Batista Fernandes Lajes, mais um choque de críticas em sua vida, por isso para muitos ela o apresentava como seu filho. No mesmo ano, no carnaval de 1899 ela encantada com os desfiles da Rosa de Ouro, se senta ao piano e compõe a primeira e mais conhecida marcha carnavalesca, Ó abre alas, sendo sucesso imediato, marcando muito fortemente os carnavais da primeira década do século, e em consideração foi homenageado por algumas escolas.
Em 1914 a primeira dama, Nair de Tefé,  começou a reclamar que no Palácio do Catete não se tocava música brasileira, assim o professor de musica a ensinou um tango ao violão composto por Chiquinha, intitulado O Corta Jaca.
Em 1917 ela consegue a vitória em uma outra campanha que vinha lutando desde 1911, sobre uma organização dos direitos autorais dos músicos, da qual ela foi a primeira sócia, ideia da criação veio após descobrir que haviam músicas suas publicadas
na Europa com outros títulos e que não citavam o seu nome.
Cerca de 18 anos se passaram e as suas criações continuaram de uma forma excelente e muito adorada por todos que ouviam, porém em 28 de fevereiro de 1935 ela morre em pleno carnaval, deixando mais de 2 mil composições musicais e 77 peças teatrais, e muito mais alem, ela deixou todo o seu amor pela música escrito na pauta musical, e a mensagens de independência e de total capacidade da mulher que aí estava por vir.

Atraente : https://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY

Lua Branca : https://www.youtube.com/watch?v=SdpQi4ceHYA

Ó abre alas : https://www.youtube.com/watch?v=7eCrMNfIvfE


Djalma de Campos, 02/03/2014.




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