quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Do interior do Ceará para o mundo, maestro Eleazar de Carvalho.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar um pouco mais desse brasileiro que conquistou público e o respeito de grandes músicos tanto no Brasil quanto nas maiores orquestras do mundo, sendo responsável por uma música mais digna de uma democracia, músicas que passaram a ter o contato com um grande número de pessoas, tudo isso em uma época que esse ato era impossível para muitos e um sonho muito distante para tantos outros. Foi um ícone como mestre, cultivando inúmeros alunos e dando aulas em grandes universidades como Yale, aonde teve uma carreira sólida que ajudou na divulgação da música de compositores brasileiros pelo mundo.
Nascido no interior do Ceará em Iguatu em 28 de julho de 1912, filho de um militar e uma dona de casa, teve uma infância difícil e de muito trabalho,  por aprontar muito seu pai o colocou na escola da Marinha do Brasil em Fortaleza, onde lá teve contato com a banda sinfônica  que logo entrou para tocar tuba,  por ter um bom desempenho, foi transferido para o Rio de Janeiro, aonde passou a tocar na banda dos Fuzileiros Navais, junto com solfejo e harmonia evoluiu rápido musicalmente, onde em 1929 foi aprovado para tocar na Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, juntou dinheiro trabalhando entre os músicos durante um tempo e depois saiu para ingressar e se dedicar completamente ao curso de regência na Escola de Música do Rio de Janeiro, onde em 1939 saiu de sua cadeira de tubista e foi para frente da orquestra reger ' O descobrimento do Brasil ' obra de sua própria autoria.
Com a vinda ao Brasil pela Orquestra da NBC, regida pelo Toscanini, o motivou na criação da OSB ( Oquestra Sinfonica Brasileira ) onde colocou sobe a direção da batuta o maestro húngaro Szenkar. Poucos anos após foi para o EUA com a vontade de reger uma grande orquestra, porém chegando por lá a realidade era outra, onde foi muito difícil convencer algum maestro que ele realmente era capaz disso, mas ele sabia do que era capaz e acreditava em seus sonhos, após várias críticas e negações ele conseguiu contato com o regente Sergey Koussevitzky ( foi aluno do próprio Tchaikovsky ) onde pediu 5 minutos da sua atenção para mostrar tudo que sabia sobre música, e que se caso não conseguisse mostrar seu conhecimento iria voltar para o Brasil e daqui nunca mais sair, com uma demonstração aprovada pelo regente, o aceitou como aluno junto de Leonard Berinstein em 1947, que teve a oportunidade de reger pela primeira vez a Orquestra Sinfônica de Boston que abriu oportunidades para convites de ir como convidado nas orquestras de Chicado, New York, e depois na Filadélfia.
Conseguiu vagas como professor definitivo na Juilliard School Of Music e na Yale University, aonde lecionou aulas de matérias teóricas e regência orquestral, cujo possibilitou contato com grandes mestres e até com o próprio Stravinsky. Quando começou a ir até a Europa, percorrendo quase todos os países regendo, e passando até por Israel, ganhando muitos títulos pelo seu trabalho, e em homenagem ao Brasil no repertório feito no exterior sempre incluiu peças de compositores brasileiros, sendo que os mais tocados eram Villa Lobos e Carlos Gomes.
Em 1973 voltando no Brasil, reorganizou a OSESP ( Orquestra Sinfonica do Estado de São Paulo ) onde batalhou muito em um tempo sem patrocínio e sem apoio para que ela conseguisse chegar a padrões de grandes orquestras internacionais e ajudou no Festival de Campos do Jordão onde era um festival pequeno e restrito a políticos, ele teve a ideia de inovar, e trazer um modelo que consistia em 1 mês de aulas com grandes músicos e apresentações onde os músicos que ali estavam participando poderiam aperfeiçoar a sua arte, modelo o qual foi aprendido fora do país, e isso serviu de exemplo para criação de inúmeros outros festivais pelo Brasil.
Muito doente teve forças para reger o ultimo concerto na atual Sala São Paulo aonde todos sabiam que ali iria ser a sua despedida e quando em 12 de setembro de 1996 veio a falecer com 84 anos o grande homem, Eleazar de Carvalho.
Com muitos anos de luta, conseguiu um grande passo para a música tanto na questão como educador, que sempre brigou por mais orquestras de qualidade no Brasil e um maior número de escolas de música e conservatórios, para que pudessem formar bons músicos e que atuassem como referências nacionais e internacionais, quanto como músico e divulgador da música brasileira no Brasil e no mundo, levando o desconhecido para dentro das maiores e melhores salas de concerto, para os mais diversos públicos, onde fez com que muita gente após isso sempre aumentasse a sua bagagem cultural, ajudando assim a construir a personalidade e intelectualidade, que julgava tão essencial para um Brasil melhor.


Ensaio com o Maestro Eleazar de Carvalho : http://www.youtube.com/watch?v=LSSn2xuKZh8
                                                                                     











Djalma de Campos 27/11/2013       




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Vinil.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje é sobre um objeto que muito dos adolescentes nunca pegaram na mão, nem mesmo sabem da sua história e de como marcou época e foi importante na divulgação musical, com uma qualidade sonora única e uma magia de época indiscutível é dele que  estamos falando, o avô do cd, o disco de vinil.
Chamado por muitos de LP ( Long Play ) ou Bolachão, foi uma forma de preservação e divulgação musical em massa criada na década de 40, feito de um material leve e resistente chamado de vinil, usualmente de cor preta, cujo os microssulcos que são neles grafados podem ser reproduzidos quando a agulha do toca discos passa por eles.
As vantagens quando comparado ao seu antecessor disco de goma- laca de 78 rotações RPM, são em sua leveza, maleáveis, resistente a quedas, mas ainda mais vantajoso quando comparado a capacidade de armazenamento de músicas, sendo superior ao goma-laca.
Houve o seu decaimento na década de 80 / 90, quando começou a produção e massificação de CDs que rapidamente ocuparam espaço dentro das casas e passaram a fazer o gosto da maioria da população que gostavam de ouvir música, prometendo maior capacidade, durabilidade e clareza sonora ( sem chiados ) .
Porém durante um bom tempo os amantes dessa arte permaneceram com os seus discos, cultivando esse hábito raro, admirando as capas e claro que o som que é inigualável.
Porém de alguns anos para cá só cresce a procura de vinil e a circulação em feiras e festivais do gênero, aumentando assim a riqueza de discos raros circulando pelas mãos dos grandes admiradores do disco, e tendo papel muito importante na divulgação e preservação popular do vinil, sendo ela apresentada para muitos que nunca tiveram contato antes ou para outros que já são íntimos dele, mas sempre estão afim de aprender um pouco mais.

David Russell plays Bach on vinyl- Rega P1 : https://www.youtube.com/watch?v=fSQLbMs8l8o


Preciso me Encontrar - Cartola : https://www.youtube.com/watch?v=HN0_mN7fWa8













Djalma de Campos 25/11/2013.

sábado, 23 de novembro de 2013

Metrônomo.


Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai abordar uma ferramenta musical que serviu de grande importância para muitos compositores e também interpretes, apesar de ser temido e odiado por muitos, por causa de não admitir atrasos ou quem queira correr demais na música, ele tem um papel importante na história musical e na vida profissional de todos os músicos, estamos falando dele, o metrônomo.
Sua criação foi em 1812 em Amsterdã, na joalheria de Dietrich Nikolaus Winkel. Porém o austríaco Johann Mälzel copiou a ideia fazendo alguns ajustes e modificações, e garantiu a patente para ele. Cerca de alguns anos após isso Johann apresentou '' sua '' invenção ao seu amigo Ludwig Van Beethoven, cujo a partir dai foi o primeiro compositor a utilizar metrônomo e colocar o andamento metronômico em suas composições.
O funcionamento e estrutura dos metrônomos tradicionais são parecidos com um relógio de corda, porém por causa do pêndulo e que nele existe um marcador sendo utilizado para selecionar qual andamento deseja, ele sempre produzirá a mesma oscilação com regularidade, seja ela lenta ou rápida.

Os andamentos são:

Grave ( devagar e solene )
Largo (largo e severo )
Larghetto ( mais suave e mais ligeiro que o largo )
Lento ( lento )
Adagio ( vagarosamente)
Andante ( velocidade do andar humano )
Andantino ( mais ligeiro que andante)
Moderato ( nem rápido, nem lento)
Allegretto ( quase um allegro)
Allegro ( ligeiro e alegre)
Vivace ( rápido e vivo)
Presto ( veloz e animado)
Prestissimo (muito rápido )

( termos estão em italiano)

*O compositor húngaro Gyorgy Ligeti compôs a peça Poème Symphonique pour 100 metronomes (Poema sinfônico para 100 metrônomos) em 1962, cada um dos 100 metrônomos tem sua mola totalmente carregada e ajustados em andamentos diferentes e depois disparados da maneira mais rápida possível e na medida que o tempo passa vão cada um parando em um dado instante sobrando no final apenas um metrônomo que também persiste um tempo sozinho e depois para. Esse poema sinfônico é executado em quanto as pessoas estão entrando na sala de apresentação e tomando os seus lugares.

Poème Symphonique for 100 metronomes in RI : https://www.youtube.com/watch?v=BJoee4izYak

* Antes do metrônomo muitos músicos utilizavam a pulsação do coração como referência de tempo.


Djalma de Campos 23/11/2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Beethoven Sinfonia nº3, op 55, Heroica.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje abordará uma grande obra do período clássico para o romantico, uma obra tão grandiosa e espetacularmente rica em detalhes de sua composição, essa é a Sinfonia nº 3 Op 55 de  Beethoven, a Sinfonia Heroica.
Em 7 de abril de 1805 no Palácio Lobkowitz em Viena, tinha a estréia de uma composição que teria durado cerca de 2 anos sua construção, de 1802 até 1804, projeto o qual teve inicio na ideia de construir uma grande sinfonia, longa, rica em detalhes e elogiando uma grande personalidade da época, Napoleão Bonaparte, sua admiração era grande pelo militar que chegou a comandar um grande país, a França, com toda sua genialidade e destreza. Essa obra que buscou toda riqueza estética é dada como o marco divisor do período clássico cujo tinha ênfase na razão e na beleza, para o romântico que experimentava mais emoção e sentimentalismo em sua construção.
 Essa obra contem 4 movimentos :
I. Allegro con brio
II. Marcia Funebre: adagio assai
III. Scherzo: Allegro vivace
IV. Finale : Allegro Molto

I. Allegro con brio.
A forma de sonata que é exposição de um tema, seu desenvolvimento e por final uma reexposição, é contemplada nesse movimento, que tornará modelo para linha de composição de muitos músicos depois dele, como Brahms, Mahler, Schubert entre outros. Logo de início dois acordes com grande potencia são dados na entrada por toda a orquestra, Beethoven afirma a tonalidade dessa obra: mi bemol maior e impactando os ouvintes que não estavam acostumados com isso na época. Em seguida apresentado o primeiro tema, que advém de uma linha simples porém de grande efeito entregue a grandiosidade do naipe de violoncelos, que geralmente nunca ficavam com o tema , e completada posteriormente com os violinos.Os sopros que posteriormente dialogam entre si juntos das cordas exploram técnicas potencialidades rítmicas que  energicamente após isso o tema é retomado pelo tutti orquestral. Com uma outra ligação em um segundo tema uma série de acordes suaves entre as madeiras é respondido pelas cordas, porém depois de um crescendo é trazido de volta o tema inicial, só que com novo ritmo, terminando a exposição no diminuendo da orquestra. Agora vem o desenvolvimento, esse o mais longo, o qual é mostrado muito contraponto musical, com grandes detalhes e motivos musicais muito bem trabalhados. A reexposição se dá no tocar o eco das trompas que volta o tema inicial, depois na retomada em uníssono que canta um grande hino de vitória.

BEETHOVEN - Symphony no. 3 "EROICA" - Leonard Bernstein : https://www.youtube.com/watch?v=W-uEjxxYtHo

II. Marcia Funebre: adagio assai.
Muito dolorosa e feita para o sentir, fazendo dela uma ideia de pensamento sobre a morte, com o intuito de homenagear os heróis que morreram no campo de batalha. Possui uma estrutura não muito complexa, porém com um grande destaque para as frases feitas pelos violinos no começo que em seguida a atenção se passa para os sopros e as cordas passam a tocar ritmo funebre.
Beethoven : Symphony No. 3. "Eroica" II. Marcia funebre: Adagio assai : https://www.youtube.com/watch?v=vbNpoyF_M-o


III. Scherzo : Allegro Vivace.
Contemplado aqui um grande scherzo, ele é desenvolvido em torno de sua pulsação natural que é dada surgindo muitas ideias melódicas do seu próprio caminhar rítmico, demonstrando uma grande energia criativa.
Best of Beethoven: Symphony No. 3 in E-flat major, Op. 55, "Eroica" - Scherzo: Allegro Vivace :https://www.youtube.com/watch?v=nJDQMyHbSko

IV. Finale : Allegro Molto.
Grande final, com bastante velocidade técnica e expressões fortes, ele utiliza um tema que já existia em uma obra anterior As Criaturas de Prometeu e nas Variações para Piano op35. Muitos dizem que não é apenas uma variação de maneira clássica mas sim muita inspiração também barroca, por causa da repetição da célula geradora em quase todos compassos. O movimento que resgata um pouco da dramaticidade da marcha funebre, logo muda de ideia em seu desenvolvimento e a orquestra toda anuncia um grande ato heróico.
Beethoven: Symphony No. 3 "Eroica" 4st movement: https://www.youtube.com/watch?v=FTE0Tevqzew

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Com uma sinfonia considerada longa para época, sua obra é quase  o dobro do tamanho das sinfonias dos mestres de Beethoven, o grandioso Haydn e o virtuoso Mozart, só o primeiro movimento é quase tão longo quanto muitas sinfonias deles. Uma obra repleta de sentimentos, emoções e sensações porém não deixando de lado toda a razão e a beleza do ser clássico, com motivos que beiram a interpretação da morte, com toda sua dramaticidade até ideias grandiosamente heroicas. Esse é o resultado do trabalho com muita determinação por um dos maiores gênios da história da música, Ludwig van Beethoven, que depois de iniciar sua composições a música nunca mais foi a mesma.

Beethoven: Symphony No. 3 "Eroica" :https://www.youtube.com/watch?v=-kG9X_idNkk
















    Djalma de Campos 22/11/2013.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Gaita de fole.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai analisar a história de um instrumento bastante conhecido pelas pessoas, porém pouco se fala sobre sua história e desenvolvimento no tempo, a gaita de fole.
O instrumento que é da família dos aerofoles tem uma origem muito polêmica,  sendo que foram encontrados referências de sua existência a 1000 a.C.  na Ásia Menor, tocada até o século 1 d.C. em muitos países como Índia, Espanha, Egito e França sendo muito popular nas Ilhas Britânicas, usado até como instrumento na marcha do campo de batalha.
Um instrumento que foi mencionado na bíblia, dando indícios aos historiadores do possível surgimento na região da Suméria, através da imigração dos Celtas sendo que sua introdução começou pela Pérsia, depois posteriormente em Roma e na Grécia, encontrando documentos que até o imperador Nero tocava gaita de fole, porém ela esteve presente em todas as classes sociais, usadas até em cerimônias religiosas, como cultos e celebrações.
Durante o renascimento a gaita de fole começou a fazer menos parte da cultura popular e ficar cada vez mais presente na corte, tanto Eduardo II e Eduardo III tiveram gaiteiros em sua corte. Sendo que o rei Henrique VIII tinha uma coleção de instrumentos dentro dos quais havia uma gaita de fole.
Porém com algumas associações que a igreja fazia com o paganismo, ficou proibido e taxado como pecado tocar gaita de fole na Escócia do século XVI, sendo que nesse período a gaita de fole chegou a um bom nível de desenvolvimento do instrumento, possibilitando mais sonoridade, porém foi nessa mesma época que elas começaram a competir com os instrumentos de metais e outros da família dos sopros, sendo ela cada vez menos preservadas e pouco a pouco voltou as suas origens, populações pastoris afastado das grandes cidades, voltando no século XX quando houve uma retomada feita por burgueses que buscavam músicas tradicionais encontrnado a riqueza desse instrumento.




Champion Bagpiper Jori Chisholm : https://www.youtube.com/watch?v=rNHbhgnEskY



Meu Instrumento-Thiago Scavani-Gaiteiro : https://www.youtube.com/watch?v=LDqqg1Kn-iA











Djalma de Campos 21/11/2013

Viola da gamba.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje irá contemplar um instrumento certamente de uma sonoridade incrível, porém não conhecidos por muitos, ele o qual teve papel muito importante na construção da composição na história da música, criando um repertório muito agradável e explorando toda capacidade técnica dessa construção, essa é a viola da gamba.
Com sua invenção e desenvolvimento no século XV marcou presença na renascença e no período barroco. Ela veio de um instrumento pré existente a vihuela, instrumento de cordas pinçadas. semelhante ao violão. O seu atual nome se deu na Itália, pois gamba significa ' pernas ' cujo é onde a posição o instrumento se encontra durante sua execução, entre as pernas.
Ela ficou em evidencia sendo apreciada até o final do século XVIII sendo muito ouvida nas cortes europeias nesses período, com um repertório que demonstrava virtuosidade para época, porém a partir desse século foi caindo em desuso e substituída pelo violoncelo.
Sua chegada ao Brasil é incerta historicamente, apenas se sabe da vinda através dos poucos europeus ligados a cultura até o século XVIII, porém na atualidade com o resgate e a requisição de instrumentos de época para execução de música antiga vem aumentando, e em consequência ela está sendo mais tocada em salas de concerto.



Carolus Hacquart Suites for Viola da Gamba Opus III : https://www.youtube.com/watch?v=pVc0JUU7QCc



Carl Friedrich Abel: Arpeggio / Petr Wagner : https://www.youtube.com/watch?v=09J-ylTiS1U











Djalma de Campos 21/11/2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

História da música africana em contato com o Brasil.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje dia da consciência negra vai falar um pouco mais sobre a difusão dos ritmos africanos na música brasileira a tornando única e muito admirada.
A cultura brasileira e, logicamente, a rica música que se faz e consome no país estruturam-se a partir de duas básicas matrizes africanas, provenientes das civilizações conguesa e iorubana. A primeira sustenta a espinha dorsal dessa música, que tem no samba sua face mais exposta. A segunda molda, principalmente, a música religiosa afro-brasileira e os estilos dela decorrentes.
A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.
A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, maxixe, maculelê.
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.

Samba,
No Brasil, acredita-se que o termo "samba" foi uma corruptela de "semba" (umbigada), palavra de origem africana - possivelmente oriunda de Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil. Em meados do século XIX, a palavra samba definia diferentes tipos de música introduzidas pelos escravos africanos, sempre conduzida por diversos tipos de batuques, mas que assumiam características próprias em cada Estado brasileiro, não só pela diversidade das tribos de escravos, como pela peculiaridade de cada região em que foram assentados. Algumas destas danças populares conhecidas foram: bate-baú, samba-corrido, samba-de-roda, samba-de-chave e samba-de-barravento, na Bahia; coco, no Ceará; tambor-de-crioula (ou ponga), no Maranhão; trocada, coco-de-parelha, samba de coco e soco-travado, no Pernambuco; bambelô, no Rio Grande do Norte; partido-alto, miudinho, jongo e caxambu, no Rio de Janeiro; samba-lenço, samba-rural, tiririca, miudinho e jongo em São Paulo.
SAMBA DE RODA "que faz parte da nossa capoeira..." Brasil. : https://www.youtube.com/watch?v=jP_XcqDl_ck


Maracatu,
Maracatu é um ritmo musical com origem no estado de Pernambuco.É caracterizado principalmente pela percussão forte, em ritmo frenético, que teve origem nas congadas, cerimônias de coroação dos reis e rainhas da Nação negra.
A percussão é baseada em tambores grandes, chamados alfaias (pulso do Maracatu), acompanhados de caixas, taróis, ganzás e um gonguê.
Maracatu Mar Aberto | The Rehearsal :https://www.youtube.com/watch?v=kcD7lFzodBw

Ijexá,
O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés.
O Ijexá, dentro do Candomblé é essencialmente um ritmo que se toca para Orixás, Oxum , Osain, Ogum, Logum-edé, Exu, Oba, Oyá-Yansan e Oxalá.
Ritmo suave mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança. O Ijexá é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso.

Coco,
O coco é um ritmo originalmente criado no estado de Alagoas. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo.
Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino.
O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.
Coco Caçuêra - Coco de Roda :https://www.youtube.com/watch?v=fmkISMOWKwM

Jongo,
Jongo é uma manifestação cultural de africanos essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do Samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o Jongo é o "avô" do Samba.
Jongo para Iemanjá - Griot, tribal, dandalua. :https://www.youtube.com/watch?v=JS0GsWq_YmM

Carimbó,
O Carimbó é considerado um gênero musical de origem indígena, porém, como diversas outras manifestações culturais brasileiras, miscigenou-se recebendo outras influências, principalmente negra. Seu nome, em língua tupi, refere-se ao tambor com o qual se marca o ritmo, o curimbó, feito de tronco de madeira e pele de animal .
Carimbó: A força do tambor brasileiro : https://www.youtube.com/watch?v=3XMbtSw6Qu4

Maxixe,
O ritmo, segundo hipótese levantada por alguns estudiosos, foi influenciado pela música trazida por escravos de Moçambique, daí advindo seu nome, que é o nome de uma cidade moçambicana. Ainda hoje, o padrão rítmico da Marrabenta (música moçambicana) guarda semelhanças com os padrões rítmicos do maxixe.
Hoje, o gênero musical chamado maxixe ou tango brasileiro é considerado um subgênero do choro.
Maxixe, de Chiquinha Gonzaga :https://www.youtube.com/watch?v=KnhP-1BOw2M

Maculelê,
Maculelê é um tipo de dança folclórica brasileira de origem afro-brasileira e indígena, a música no maculelê é composta por percussão e canto.
A verdadeira origem do maculelê é desconhecida, existindo diversas lendas a seu respeito. Estas lendas, naturalmente, vieram da tradição oral característica às culturas afro-brasileira e indígenada época do Brasil Colônia e inevitavelmente sofreram alterações ao longo do tempo.




Djalma de Campos 20/11/2013.                                  

Música e cinema.

Olá, tudo bem ?
Música faz história de hoje, vai voltar no tempo e fazer um breve resumo sobre a relação da sétima arte, o cinema com a música.
A música acompanha o cinema desde o seu nascimento, no final do século XIX, dando sentido, ênfase e realce a ideia original que o diretor queria provocar. Mesmo em filmes mudos a música não ficou de lado, as cenas eram acompanhados de orquestras ou pianistas.
Como por exemplo em  cenas de guerra com fundos musicais de Wagner, cujo compositor foi muito admirado na Segunda Guerra Mundial pelos soldados nazistas. Ou em definição de lugares como na Hungria tocar uma melodia do Liszt, Polônia tocar algum trecho de Chopin.
Só nos anos 20 a tecnologia permitiu fazer filmes com áudio, e após isso entre a década de 30 e 40 ouve um grande enriquecimento do cinema dos EUA, por causa dos refugiados da Segunda Guerra, onde muitos europeus escritores, músicos e entre outros profissionais contribuíram para o desenvolvimento dessa arte.
 Nos anos 50 o cinema precisava se reinventar por causa da invenção da televisão que fez com que perdesse um pouco de seu público, e as principais idéias foram na melhora das trilhas sonoras, dando a muitos filmes a partir dai trilhas sonoras originais e específicas através de contrato de diretores com grandes compositores do período, como em Psicose de Alfred Hitchock, com o compositor Bernard Hermann. Porém a utilização de arranjos pré existentes de Mahler, Tchaikovsky, Strauss ainda foram muito utilizados em fundo de muitas cenas.

Bernard Herrmann - Psycho (theme) :https://www.youtube.com/watch?v=qMTrVgpDwPk

Disney's Fantasia (1940) English HQ with subtitles FULL FILM :https://www.youtube.com/watch?v=bkBotKGCoxU









Djalma de Campos 20/11/2013

Pedro Cameron faz história.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje, vamos falar um pouco mais sobre o maestro, compositor e violonista brasileiro Pedro Cameron, ele o qual sou aluno de teoria musical, porém já estudei violão clássico.
Nascido em Buri – SP. Em 1948, deve a sua formação violonística aos Professores Aroldo Volpi e Oscar Magalhães Guerra, este último foi discípulo de Atílio Bernardini.
Estudou harmonia e fraseologia musical com os mestres Ornécio Pazinatto e Cláudio Stephan, técnicas de composição musical com Maurice Le Roux (França) e Leon Biriotti(Uruguai)
Como violonista apresentou-se em recitais e concertos com orquestra em várias cidades brasileiras, especialmente nas décadas de 70, 80 e início dos anos 90.
Fundou e dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tatuí, Sorocaba e Rio Claro, com as quais estreou grande parte de sua obra orquestral e de concerto solista. Atualmente reside em na cidade de Rio Claro.

Dentre suas obras destacam-se:

Repentes para Violão – 1º Premio do concurso Funarte – Vitale

Perspectivas – Premiada em Frankfurt – Alemanha

Trilogia – Premiada em Porto Alegre - RS.

Como professor vem formando, ao longo da sua vida profissional, inúmeros alunos em atividade musical no Brasil e no Exterior.

Em entrevista o violonista Welton Nadai o fez perguntas sobre a carreira do maestro e seus pensamentos.

Neste depoimento Pedro Cameron fala sobre o início das orquestras de Tatuí-SP, Sorocaba-SP ( Orquestra de Violão e Orquestra Sinfônica) e Rio Claro-SP. É um relato muito rico e marcante, e definitivamente retrata um momento na educação musical do estado de São Paulo, bem como também mostra como foi determinante a influência do mesmo na construção destas orquestras que se iniciaram com trabalho um coletivo e estão ativas até o presente momento.

                                                                                     Pedro Cameron ao violão.
Pedro Cameron no Violões Artes Trio, cujo é um dos integrantes junto com Welton Nadai e Lucas Penteado:

Violões Artes Trio - La Donna é Mobile (Rigoleto) G. VERDI

Violões Artes Trio - Estúdio Cantareira 2012



Djalma de Campos, 20/11/2013.




Ernesto Nazareth faz história.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje irá voltar 150 anos no tempo para relembrar um dos maiores compositores brasileiros, Ernesto Nazareth.
Ernesto Júlio de Nazareth nascido no Rio de Janeiro em 20 de março de 1863, teve apresentado o piano logo quando muito jovem pela sua mãe que ministrou aulas e noções sobre o instrumento. Aos 14 anos compôs sua primeira música, a polca-lundu "Você bem sabe", editada, no ano seguinte, pela famosa Casa Arthur Napoleão. Sendo que em 1880 fez sua primeira apresentação pública, aos 17 anos de idade no Club Mozart, mas apenas em 1893 alcançou sucesso nacional e internacional com o tango ' Brejeiro' sendo publicado em Paris e no EUA.
Intérprete constante de suas próprias composições, Nazareth apresentava-se como pianista em salas de cinema, bailes, reuniões e cerimônias sociais. De 1909 a 1913, e de 1917 a 1918, trabalhou na sala de espera do antigo Cinema Odeon (anterior ao prédio moderno da Cinelândia), onde muitas celebridades iam até lá apenas para ficar admirando toda a beleza musical que ele executava, sendo que foi em homenagem a sala de exibição que batizou sua composição mais famosa o tango ' Odeon '.
Em 1926, Nazareth embarcou para uma turnê no estado de São Paulo, que foi planejada inicialmente para durar 3 meses, mas acabou se prolongando por 11 meses, com concertos na Capital, Campinas, Sorocaba e Tatuí. Tinha então 63 anos, e foi a primeira vez que saiu do estado do Rio de Janeiro. Foi homenageado pela Cultura Artística de São Paulo e tocou no Conservatório Dramático e Musical de Campinas. Apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo, sendo precedido por uma conferência do escritor e musicólogo Mário de Andrade, sobre sua obra, na qual afirmou: "Por todos esses caracteres e excelências, a riqueza rítmica, a falta de vocalidade, a celularidade, o pianístico muito feita de execução difícil, a obra de Ernesto Nazaré se distancia da produção geral congênere. É mais artística do que a gente imagina pelo destino que teve, e deveria estar no repertório dos nossos recitalistas. Posso lhes garantir que não estou fazendo nenhuma afirmativa sentimental não. É a convicção desassombrada de quem desde muito observa a obra dele. Se alguma vez a prolixidade encomprida certos tangos, muitas das composições deste mestre de dança brasileira são criações magistrais, em que a força conceptica, a boniteza da invenção melódica, a qualidade expressiva, estão dignificadas por uma perfeição de forma e equilíbrio surpreendentes". Em 1927, Nazareth retornou ao Rio de Janeiro.
 Em 1930, concluiu sua última composição, a valsa "Resignação". No mesmo ano, gravou ao piano a polca "Apanhei-te, cavaquinho" e os tangos brasileiros "Escovado", "Turuna" e "Nenê" de sua autoria. Em 1932, apresentou um recital só com músicas de sua autoria em um concerto precedido por uma conferência de Gastão Penalva. Neste mesmo ano realizou uma turnê pelo sul do país. Ainda em 1932 seus problemas de audição se agravaram, problemas os quais decorriam de um trauma sofrido na infância quando caiu de uma árvore e bateu a cabeça o trazendo com o tempo um grande transtorno pela falta de audição que só aumentava. Tocando com os ouvidos grudados no teclado do piano ele ficava nervoso por não conseguir ouvir direito o que estava executando, junto disso começaram a acompanhar crises de choro. Com o tempo descobriram que as alterações de humor e choros constantes eram porque estava agravado pela sífilis que atingiu seu sistema nervoso, sendo internado em um hospício onde terminou seus dias, deixando 211 peças completas para piano.

Ernesto não pode ser considerado um compositor totalmente erudito mas também nem um compositor totalmente popular, ele conseguia utilizar os melhores recursos dos dois modos de composição sendo que em qualquer campo de análise ele é magistral. Suas composições que requerem um bom nível técnico para execução, contemplam como progressivas do choro e do tango brasileiro,  sendo o compositor mais executado dentro e fora do país depois de Heitor Villa Lobos, Villa o qual dedicou a sua música ' Choro nº 1' para Ernesto. Ele foi muito importante na maneira que  fixou o nacionalismo a partir daí deixando claro a necessidade de relacionar um título para música nacional, aproveitando folclores e ritmos brasileiros.
No século XIX os nomes mais comentados eram Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, realmente dois músicos excelentes, mas a distinção dele para Chiquinha se dava na sua erudição cujo criou a possibilidades de mais incrementações musicais.
 Infelizmente ele e muitos outros compositores  brasileiros esquecidos em seu próprio país.


Ernesto Nazareth - Odeon
https://www.youtube.com/watch?v=J7DPA2-8Okc



                                                                                       





                           Ernesto ao piano.


















Djalma de Campos, 20/11/2013.