sexta-feira, 11 de abril de 2014

Testamento de Heiligenstadt, Beethoven.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje apresenta o Testamento de Heiligenstadt, cujo encontrei no blog do Henrique Autran Dourado.
Heiligenstadt é um subdistrito de Viena, na Áustria, belo e arborizado como todas os vilarejos germânicos. Heiligenstadt quer dizer cidade sagrada, mas já havia indícios da religiosidade local desde o início do século 12, quando era conhecido como São Miguel, ainda antes da chegada do cristianismo.  A vila remonta a mais de cinco mil anos, e há vestígios de assentamentos romanos. Séculos depois, com um comércio de vinhos bastante próspero, passou a ser um dos assentamentos mais ricos da região.
Viena era o grande centro musical durante o período clássico, e Beethoven para lá se mudou, pois teria mais público e melhor renda. Lá, mudou-se dezenas de vezes, ora abandonando suas moradas, outras expulso pelos senhorios. Não era um inquilino muito fácil, pois era desorganizado, incomodava com seu fortepiano (precursor do piano moderno), era carrancudo, malvisto  e de poucos amigos.
Apesar de tudo isso, era um nome famoso, coberto de glória. Prova disso é que, devido ao sem-número de mudanças de residência, um amigo, decepcionado com as cartas escritas e não recebidas, queria saber, afinal, qual seria o endereço correto, para que pudesse enviar suas cartas. O compositor: “escreva apenas ‘Beethoven, Viena’”. Em 1802, Beethoven seguiu os conselhos de seu médico e mudou-se para Heiligenstadt, lugar mais tranquilo, pastoril, diferente da capital. Lá, tentou debelar uma crescente e doentia neurose, seu drama pela perda da audição e um desejo recorrente de suicidar-se.
No final dessa estadia, em 6 de outubro de 1802, Beethoven escreve uma carta para seus irmãos Carl e Johann, um dos relatos mais candentes da história da humanidade. Guardou-a em sua escrivaninha, e nunca enviou aos destinatários. Foi descoberta apenas em 1827, após sua morte, e entrou para a história como o Testamento de Heiligenstadt, desabafo dramático de um ser humano no limiar do desespero final.
Confuso, o Testamento menciona o irmão Carl, mas onde deveria estar o nome de seu outro irmão, Johann, havia um espaço em branco (ver foto abaixo com a “omissão” assinalada em vermelho) – o que gerou diversas teorias, sendo que em um documento que deveria produzir efeitos legais, espelharia certas
preferências familiares do compositor. Teve 19 anos para cometer a ameaça de suicídio, sem nunca fazê-lo.
“Ó homens que me consideram intratável, insociável, como estão equivocados! Não conhecem as razões profundas que me levam a parecer assim. (...) Vivo, há seis anos, padecendo de uma triste doença (N. do A.: a surdez), agravada pela ignorância dos médicos. Vivo na ilusão da cura deste mal, que, se for curável, ao menos levará muitos anos. Nascido com um temperamento vivo, fui sendo obrigado a me isolar em uma vida solitária”.
E prossegue: “como aceitar esse defeito, logo um sentido que em mim deveria ser mais perfeito do que nos outros? Não me é possível dizer a todos ‘falem mais alto, gritem, estou surdo’! Devo viver em um exílio”. (...) “E que humilhação quando alguém percebia o som distante de uma flauta e eu nada conseguia ouvir! Ou quando escutavam o canto de um pastor e eu nada ouvia! Esses incidentes me levaram ao desespero e pouco faltou para que, com minhas próprias mãos, eu encerrasse minha existência. Mas pareceu-me impossível deixar este mundo sem que houvesse concluído a missão que me confiei”.
A partir daí, Beethoven começam os pedidos: “Peço-vos, irmãos, assim que me fecharem os olhos, que o professor Schimith, se ainda estiver vivo, faça em meu nome a descrição de minha doença, e que seja juntada a isso que escrevo, para que o mundo, depois da minha morte, possa se reconciliar comigo”. E agora, vai ao testamento material propriamente dito, para que produza efeitos legais: “Eu os declaro (N. do A.: os irmãos) ambos herdeiros de minha pequena fortuna. Repartam-na com honestidade e ajudem-se um ao outro. O que fizeram contra mim, bem sabem, já foi perdoado”.

Beethoven não se furtou a aconselhar seus irmãos e pediu que suas súplicas fossem extensivas aos seus sobrinhos: “Só a virtude me ergueu da desgraça, só a ela e à minha música devo não ter encerrado com o suicídio  os meus tristes dias. Adeus e me conservem em suas amizades”.  Parecendo que suas ideias e delírios se avolumavam, assim como os desenvolvimentos perfeitos de suas sinfonias, prepara-se para morrer, a “coda” (trecho que encerra o movimento ou a obra) final: “Recebo com felicidade a morte. (...) Ficarei contente pois ela me livrará deste tormento sem fim. Venha quando quiser, eu a enfrentarei com coragem! Sejam felizes! Heilingestadt, 6 de outubro de 1802. Ludwig Van Beethoven.”










Artefatos de Beethoven para auxílio na audição.








Djalma de Campos 11/04/2014.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Índios, o canto da natureza.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar sobre o pouco de que se sabe a respeito da cultura indígena, a qual sofreu opressão durante um longo período de tempo, aliás, tempo o suficiente para que em sua própria terra, boa parte da cultura fosse massacrada e perdida, graças a ambição do branco europeu, ocasionalmente  perdendo tradições milenares, que sem o menor tipo de remorso, foram simplesmente ignoradas sem direito de entrar nos livros para serem contadas as suas histórias.
A música indígena brasileira é de um vasto universo, se tornando muito importante para o índio, desde aproximação social na tribo, até em rituais ligados a deuses e suas formas de crença.
Porém o choque com os pensamentos e ideais da Europa fizeram que houvessem muitas mudanças, principalmente nos modos de manifestações artísticas e de vida dos indígenas, que foram ficando cada vez mais oprimidos pelo homem branco, mantendo assim a impossível tarefa de transportar essa cultura para fora dos limites de suas aldeias. Por sorte há algumas décadas vem se dando uma atenção e um enfoque maior para esse tipo de arte, principalmente após os trabalhos e pesquisas do compositor brasileiro Heitor Villa Lobos.
A música dos índios funciona como um espelho sobre suas visões de mundo, com um pouco de um universo mágico, sendo representante de muitos mitos, cultos e curas. A lenda que se conta em muitas tribos indígenas, é de que a música surgiu como um presente dos deuses, cujo estavam entristecidos com o silêncio que persistia em existir no mundo dos humanos, já outras acreditam que são ancestrais que se comunicam de forma inconsciente com os vivos, sendo que a composição de novas músicas se dá apenas ao pajé, ficando responsável por criar algo que leve as pessoas ao transe e encoraje os guerreiros.
Uma outra característica observada é a divisão dos homens e mulheres na música dentro da tribo, sendo que alguns tipos de canções e instrumentos, apenas pode ser executado por homens.
Por não seguir o sistema tonal, possui a sonoridade bem específica dando bastante atenção a timbres característicos, ficando difícil fazer uma transposição para o nossos padrões de música,  e ainda não existe um concreto tipo de notação musical, dependendo assim de os mais velhos passarem os ensinamentos. O instrumento que mais se prevalece é a voz, dando uma base ritmada para execução de danças ou celebrações, despertando uma sensação de pulsação flutuante no andamento da música, e ainda no canto também se identificam com a natureza, como imitando sons da floresta e canto dos pássaros.
A necessidade de que se preserve esse tipo de cultura é de extrema importância, pela diferente visão de mundo que possuem, nos ensinando a ver com outros olhos os acontecimentos da natureza e mostrando as suas próprias maneiras de enfrentar o tempo perdido, passando a sensação de verdadeiros guerreiros com resistência cultural contra a sua extinção.


Ñande Reko Arandu : https://www.youtube.com/watch?v=l469uaunv6A

Mawaca - Cantos da Floresta : https://www.youtube.com/watch?v=DICMrBkqcLo


Djalma de Campos, 28/03/2014.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Grécia e a Doutrina de Ethos.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar um pouco mais sobre uma teoria que surgiu desde a Grécia Antiga, que basicamente dizia que você é, o que você ouve. Não era uma teoria qualquer, pois ela insistia em fazer uma ligação da matemática com a música, acreditando em uma interferência tanto no que é visível ou invisível, sendo batizada de Doutrina de Ethos.
Diziam os gregos que dependendo do estilo de música teria a capacidade de atingir o universo, por isso muitos músicos da mitologia faziam milagres. Alguns desses estilos eram capazes  de influenciar no caráter e na personalidade de uma pessoa. Aristóteles explicou essa doutrina afirmando que a música apenas representa diretamente aquilo que está na alma, portanto quando ouvirmos música que nos desperte raiva, tomaremos essa raiva para nós, quando ouvirmos sobre amor, começaremos a amar, e assim por diante.
Aderindo assim a doutrina para o ensino dos jovens, visando que uma boa educação, exercícios físicos e música , poderiam criar pessoas do mais alto nível, pois os exercícios cuidaria de manter o corpo saudável, já a música seria responsável pela manutenção da mente, tanto que uma frase muito utilizada era '' Deixai-me fazer as canções de uma nação, que pouco me importa quem faz as suas leis. ''
Nessa delimitação musical imposta, talvez também pudessem estar tentando restringir tipos de ações que eram bastante presentes na época, como ritmos de atos orgiásticos.
Alguns defendem que essa doutrina realmente fazia sentido, pois a utilização da música naquela época era de uma forma bem diferente de hoje, e que durante momentos da história realmente os governantes proibiram alguns tipos de música, visando o bem estar da população. Fazendo assim uma divisão entre as músicas que despertavam a calma ligadas a Apolo ( utilizando como instrumento a lira ),  e as outras ligadas ao culto de Dionísio ( que utilizava como instrumento o aulos ).


Djalma de Campos, 17/03/2014.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Um pouco de Villa Lobos no dia nacional da música clássica.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje dá os parabéns ao compositor brasileiro Heitor Villa Lobos, e decidi escrever brevemente sobre o conjunto de choros compostos na década de 20, mas divididos durante os anos, se tornando posteriormente algumas de suas músicas mais conhecidas no Brasil e no mundo todo.
Os choros compreendem em 12 obras, porém não sendo criadas em ordem cronológica, podendo observar o choro nº 8 composto em 1925 e o choro nº 6 composto em 1926, sendo que na década de 20 foi um período de grandes composições para o autor, como os estudos para violão, as serestas e as cirandas para piano.
O contato do Villa Lobos com os choros, vem desde sua juventude, quando ele passou a ficar cada vez mais fascinado pelo violão, e do aumento de interesse pela música popular da época, juntando-se assim nas rodas com os chorões.
As músicas do Villa Lobos representam muito para o Brasil, principalmente no caráter nacionalista e modernista, o qual foi responsável por reforçar uma identidade da música brasileira, tendo vivências únicas que conseguiu levar junto de seus pensamentos e sentimentos para dentro das salas de concerto.

Segue alguns choros abaixo.
Choro n.1 : http://www.youtube.com/watch?v=ByuJOjWVbUI
Choro n.2 :http://www.youtube.com/watch?v=uwD-qJfCfYo
Choro n.3 :http://www.youtube.com/watch?v=G9rzMZyCfFc
Choro n.4 :http://www.youtube.com/watch?v=RMeGzIHsT4A
Choro n. 5:http://www.youtube.com/watch?v=ETb4t7NecHw
Choro n. 6:http://www.youtube.com/watch?v=gyeUxoAK0iM
Choro n. 7:http://www.youtube.com/watch?v=k1eL2TiRjqI
Choro n. 8:http://www.youtube.com/watch?v=3vJm4k3fvKw
Choro n. 9:http://www.youtube.com/watch?v=KQdAkhusRps
Choro n. 10:http://www.youtube.com/watch?v=HuLHxKF42f4
Choro n. 11:http://www.youtube.com/watch?v=NfRanER4Q4E
Choro n. 12:http://www.youtube.com/watch?v=7bwLkFBCtNQ

Djalma de Campos 05/03/2014.

domingo, 2 de março de 2014

Chiquinha Gonzaga, a eterna maestrina brasileira.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje está em pleno carnaval, então não podemos deixar de citar a maestrina brasileira Chiquinha Gonzaga, pianista e compositora de música popular brasileira, a qual compôs uma das marchinhas mais conhecidas dos desfiles de carnaval, Ó abre alas que data de 1899, transformando assim muita coisa no nosso país, misturando ritmos europeus e africanos para criar uma música que cativasse todos que ouvissem, e ao mesmo tempo se colocava na linha de frente para abrir independência da mulher do século XX.
Chiquinha nasceu em 1847, filha de Rosa Maria Neves Lima uma negra, com José Basileu Gonzaga, general do exército. Apesar de todos serem contra, José assumiu a filha cujo teve uma educação na aristocracia, e como toda família aristocrata ela passou a ter aulas de música com um dos melhores professores da época, o Maestro Lobo. Desde cedo teve contato com as músicas e manifestações africanas que via acontecer pela cidade, como rodas de lundu e ritmos africanos, sendo que via nisso uma forte identificação com a sua vida.
Aos 12 anos ela apresenta sua primeira música em uma reunião da família, intitulada Canção dos  Pastores, e imediatamente a família notou a grande intimidade que a menina tinha com as teclas do piano. Porém aos 16 anos de idade, seu pai a obriga casar-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Brasileira. O casamento dura cerca de 5 anos e ela teve 3 filhos com Jacinto, mas quando seu marido começou a obriga-la a parar com a música, ela mostra que não era subordinada a ninguém, e mesmo contrário aos costumes da época ela se separa, momento o qual foi um grande escândalo para a família e conhecidos. Ela continuou a tocar e compor, até rever um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, com quem teve mais uma filha, no entanto seu atual marido era o oposto do primeiro relacionamento, muito mais liberal e não restringia sua vontade de tocar piano, porém ela uma vez o pegou a traindo, sendo que isso foi uma grande decepção, a partir daí ela resolveu se virar sozinha tocando,compondo e dando aulas,  o que era o suficiente para conseguir sobreviver.
A identificação com polcas e quadrilhas de músicas de salão da Europa, foram bastante estudadas em seu repertório, nisso ela conseguiu fazer uma mistura desses ritmos europeus com a música africana, compondo o seu primeiro grande sucesso, Atraente em 1877, chocando a sociedade da época por toda sua independência enquanto mulher, até mesmo o ato de não usar chapéu, era visto como um ato digno de repúdio pela sociedade, e ela se opunha usando apenas um lenço. Mas quando ela musicou a opereta  A corte da roça, ela virou uma identidade nacional sendo apoiado por muitos admiradores e pessoas que se identificavam com ela.
Desde então Chiquinha era bastante requisitada para musicar peças teatrais, e pouco tempo depois com  a sua segunda peça A filha do Guedes cujo ela mesma regeu, uma coisa inusitada tinha acabado de acontecer, a imprensa não sabia como chamá-la, primeiro deram o nome de ''maestra'' mas não acharam certo o termo, então inventaram uma nova palavra , maestrina, se tornando assim a primeira maestrina brasileira.
Poucos sabem que ela esteve em uma forte onda de ajuda na libertação dos escravos, sendo que um pouco do dinheiro que conseguia com a venda de partituras e tocando, ela destinava ao fundo responsável pela compra de alforrias para escravos.
Após a libertação em 1888, ela passa a destinar suas manifestações a uma nova causa, a república, cujo não demorou muito tempo para que isso acontecesse. E  ganhou o título  Alma Cantante do Brasil, em 1894.
Aos 52 anos ela encontra o seu último marido, um português de 16 anos chamado João Batista Fernandes Lajes, mais um choque de críticas em sua vida, por isso para muitos ela o apresentava como seu filho. No mesmo ano, no carnaval de 1899 ela encantada com os desfiles da Rosa de Ouro, se senta ao piano e compõe a primeira e mais conhecida marcha carnavalesca, Ó abre alas, sendo sucesso imediato, marcando muito fortemente os carnavais da primeira década do século, e em consideração foi homenageado por algumas escolas.
Em 1914 a primeira dama, Nair de Tefé,  começou a reclamar que no Palácio do Catete não se tocava música brasileira, assim o professor de musica a ensinou um tango ao violão composto por Chiquinha, intitulado O Corta Jaca.
Em 1917 ela consegue a vitória em uma outra campanha que vinha lutando desde 1911, sobre uma organização dos direitos autorais dos músicos, da qual ela foi a primeira sócia, ideia da criação veio após descobrir que haviam músicas suas publicadas
na Europa com outros títulos e que não citavam o seu nome.
Cerca de 18 anos se passaram e as suas criações continuaram de uma forma excelente e muito adorada por todos que ouviam, porém em 28 de fevereiro de 1935 ela morre em pleno carnaval, deixando mais de 2 mil composições musicais e 77 peças teatrais, e muito mais alem, ela deixou todo o seu amor pela música escrito na pauta musical, e a mensagens de independência e de total capacidade da mulher que aí estava por vir.

Atraente : https://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY

Lua Branca : https://www.youtube.com/watch?v=SdpQi4ceHYA

Ó abre alas : https://www.youtube.com/watch?v=7eCrMNfIvfE


Djalma de Campos, 02/03/2014.




quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

R.I.P. Paco de Lucia.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje trás a sincera homenagem ao músico Paco de Lucia, o qual era um violonista  e compositor com uma técnica muito avançada quando o assunto era o flamenco, estilo que se sentia o mais confortável possível por estar interpretando a música cultural de seu país, a Espanha. E mesmo sem perder o foco no seu estilo de domínio, ainda teve as interpretações muito bem sucedidas de jazz, bossa nova e até músicas orientais com que conquistou cada vez mais admiradores.
Francisco Sánchez Gómez, mais conhecido como Paco de Lucia,  nasceu em 21 de dezembro de 1947 em Algeciras. Seu nome artístico vem em homenagem a sua mãe que se chamava Luiza, mas adotou o nome de Lucia, e a inspiração e vontade de fazer música veio de seu pai que também era violonista, cujo possibilitou desde seus 5 anos de idade já ter contato com o instrumento, sendo que alguns anos mais tarde acompanhava os irmãos que cantava, formando assim um duo. Aos 12 anos de idade ganha seu primeiro prêmio do Festival Internacional de Flamenco de Jerez de la Fronteira, possibilitando assim contato com diversos outros músicos.
Seu primeiro álbum lançado é de 1969, mas apenas em seu segundo de 1973 que começou a cativar um público mais numeroso, principalmente por incluir uma de suas músicas mais famosas, uma rumba intitulada Entre dos Aguas, sendo que em 1977 ele conhece o jazz e vem a gravar com grandes nomes, como John McLaughlin, Al Di Meola e Larry Coryell, conquistando ainda mais seguidores.
Nas décadas que se seguiram ele lançou diversos outros cds, aumentando a sua popularidade a cada aparição, e se tornando mundialmente conhecido quando o assunto era o violão flamenco. Recebeu em 1992 A Medalha de Ouro de Belas Artes, em 2002 Prêmio da Música e o Prêmio Nacional de Guitarra Flamenca  e em 2004 Prêmio Príncipe das Asturias, um Grammy e o título de doutor pelas universidades de Cádiz e pela Berklee College of Music.
Ultimamente ele esteve residente em alguns países, como Cuba, México e vários lugares da Espanha, sendo que nessa quarta feira dia 26 de fevereiro de 2014, cujo após estar brincando com os seus filhos ele começou a passar mal, e infelizmente não resistiu até chegar ao hospital e veio ao óbito por enfarte. Aos 66 anos ele deixou seu nome junto de vários dos melhores músicos dos mais diversificados estilos, do popular de suas raízes até nas salas de concerto, quebrando muitas barreiras que no começo poderiam parecer impossíveis de serem ultrapassadas, porém com muita persistência e dedicação conseguiu atingir os seus objetivos e fazer transparecer seus sentimentos através de 6 cordas.





Djalma de Campos, 26/02/2014.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Os noturnos de Chopin.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje fala sobre um dos maiores pianista da história, Frédéric Chopin, ele o qual tem uma mistura perfeita quando o assunto é romantismo e técnica apurada ao piano, autor obras cujo são muito importantes para a história da música, sendo responsáveis por um legado que é bastante respeitado, e interpretado pelos melhores pianistas do mundo.
Chopin teve brilhantes composições, mas a fama de seus noturnos para piano são de uma grandeza enorme entre os músicos, composições que retratam o universo romântico da época,  como as diversas poesias que o inspirava, expressando um sentimento muito íntimo e intenso.
O estilo de composição dos noturnos são de autoria de um amigo de Chopin, o irlandês John Field, cujo após compor o novo estilo,o mostrou para Chopin, sendo que poucos anos mais tarde foi ele o responsável pela popularização e expansão dessa nova forma de composição.
Os noturnos de Chopin são divididos em 21 peças de curta duração, escritas especialmente para piano, compostas entre 1827 e 1846, são também consideradas os melhores trabalhos para um instrumento solo com curta duração, ocupando um lugar privilegiado nos concertos dos dias de hoje.
Chopin com o passar do tempo, conseguiu desenvolver cada vez mais os noturnos, tornando assim parte de sua identidade, e o afastando cada vez mais longe do original, evitando assim as críticas comparativas entre ele e Field. A partir de inovações tanto em técnicas interpretativas quanto em  partes da estrutura ,  foi bom o bastante para tornar as obras aclamadas pelo público e pela crítica.
A importância dessas composições é de muito grande, pois com o passar do tempo, e com a aprovação de quem a ouvia, começou a influenciar inúmeros compositores, entre eles estão nomes como:  Brahms, Wagner, Mendelsshon, Schumann, Liszt e muitos outros, aumentando assim ainda mais sua fama e reconhecimento como músico.









Djalma de Campos, 22/02/2014.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Uma breve leitura sobre o contrabaixo acústico.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar sobre o surgimento e evolução do contrabaixo acústico, instrumento o qual é o registro mais grave das famílias das cordas na orquestra e também o maior em tamanho.
Nos primeiros aparecimentos na música de concerto, ele exercia o papel de reforçar as melodias graves da música, sendo que seu uso com uma maior atenção aos seus timbres e independência do naipe de violoncelos ocorreu com as composições de Beethoven, e obras destinados ao contrabaixo solo só datam do século XIX.
Sua história começa com registros no século XV, sendo que ele não era muito utilizado e um pouco diferente do atual, pois os compositores preferiam trabalhar com um instrumento chamado violone, que era da família da viola da gamba,esse instrumento que era um pouco maior que um violoncelo, e continha seis cordas. A partir do século XVIII com o grande virtuoso da época Domenico Dragonetti, popularizou o contrabaixo primeiramente em Veneza e depois em outras regiões da Europa, se destacando no ouvido da população por sua extensão sonora mais grave.
O instrumento como conhecemos hoje só apareceu no século XIX, pois foram aumentado o número de cordas, cujo possibilitou assim um maior fraseado musical, se adaptando assim as orquestras.


Meu Instrumento - Baixo Acústico - Trama/Radiola: http://www.youtube.com/watch?v=l_c96fnJa6o



Djalma de Campos 13/02/2014.


sábado, 25 de janeiro de 2014

Uma pequena homenagem, para um grande Tom Jobim.

Olá, tudo bem  ?
O música faz história de hoje da os parabéns ao aniversariante do dia, Tom Jobim que foi reconhecido como um dos compositores mais importantes da segunda metade do século XX, tanto no Brasil como em todo mundo, suas composições são consideradas sofisticadas para sua época, encontrando as inspirações principalmente na natureza e na cidade do seu coração, o Rio de Janeiro.
Tom nasceu no bairro da Tijuca, se mudando com apenas 1 ano para Ipanema, bairro o qual foi criado. Motivado por sua mãe começou a tocar piano com um professor alemão, esse professor o qual foi o introdutor do estilo dodecafônico no Brasil, Hans-Joachim Koellreutter. No começo dos anos 50, com uma certa experiência no piano começou a tocar nos bares e a fazer arranjos para uma gravadora, datando dessa época suas primeiras composições, como Incerteza.
Com 29 anos ele conheceu Vinícius de Moraes por acaso em um bar, cujo um amigo sugeriu que Tom musicasse uma obra de Vinícius, essa a qual fez o grande sucesso Se Todos Fossem Iguais a Você, sendo gravadas diversas vezes. Isso possibilitou para que arrumasse inúmeras parcerias no ramo da música, como Elizabeth Cardoso, João Gilberto e o próprio Vinícius, inaugurando assim a bossa nova com canções como Eu Não Existo sem Você, Chega de Saudade,  Canção do Amor Demais.
Em 1962 foi destaque no Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall em Nova York, sendo que no ano seguinte compôs, com Vinícius, a mais famosa de todas canções brasileiras executadas no exterior, Garota de Ipanema.
O grande sucesso possibilitou até a oportunidade de gravar com um grande mito da música norte americana, o espetacular Frank Sinatra. Já no fim dos anos 60 participou do III Festival Internacional da Canção, mesmo com a vaia do público, ele levou em 1º lugar por decisão dos jurados.
Foi se apaixonando e se aprofundando cada vez mais quando o assunto era nacionalismo e cultura brasileira, sendo um grande amante de Villa Lobos e pesquisador de elementos típicos de nossa música. Tom viajou muito, conheceu diversas pessoas que o ensinaram muitas coisas, mas também foi professor de muitas outras, nos anos seguintes teve diversas parcerias, e muitas inspirações podendo assim relatar todas as lições aprendidas na vida aliadas de todo o seu amor pela música, até em dezembro de 1994, que durante uma recuperação de um câncer na bexiga,quando inesperadamente sofreu uma parada cardíaca, deixando  assim de existir na forma física, mas sendo eternizado como o grandioso compositor brasileiro.


                                             

                                                                            Matita Perê  -  Tom Jobim

                              
Djalma de Campos 25/01/2014.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Concertos de Brandeburgo, J. S. Bach.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje irá abordar sobre os Concertos de Brandeburgo, uma obra considerada ícone do período barroco, mostrando claramente as ideias composicionais dessa época, e guiando diversos outros compositores. Esse concerto mostra como com grupos pequenos da época era possível criar uma obra tão elaborada e  detalhada,  deixa amostra também a organização e a complexidade para época.
Os Concertos de Brandeburgo ou Concerto para vários instrumentos BWV 1046-1051, são um total de 6 obras que foram compostas por volta de 1721. Não se sabe ao certo para qual finalidade foram compostas, mas se leva a possibilidade de que Bach tenha as criado para se adentrar junto da realeza e nobreza, com isso adquirindo o título de compositor da corte, título o qual apenas em 1736 veio a adquirir.
Essas como muitas outras obras foram esquecidas em bibliotecas, porém os Concertos de Brandeburgo foram descobertos muitos anos depois, sendo publicados apenas em 1850,  cerca de 100 anos após a morte de Bach.
Na atualidade é uma obra muito executada, principalmente por grupo de câmaras e orquestras barrocas, os quais usam da performance de músicas históricas para atrair seu público.


Concerto Nº 1, BWV 1046.
Os movimentos são :
1.Sem indicação de andamento, mas eventualmente executado como Allegro Moderato.
2.Adagio.
3.Allegro.
4.Minueto - Trio I - Minueto da capo - Polaca - Minueto da capo - Trio II - Minueto da capo.
O único da coleção que contém 4 movimentos

Concerto Nº 2, BWV 1047.
Os movimentos são :
1.Allegro moderato.
2.Andante.
3.Allegro assai.
Presença de solistas tendo como base instrumentos de corda.

Concerto Nº 3, BWV 1048.
Os movimentos são :
1.Sem indicação, executado eventualmente como Allegro moderato.
2.Adágio.
3.Allegro.
Talvez o mais conhecido de todos, com forte influências italianas, Bach deixa de lado os sopros e coloca o máximo de sua inspiração nas cordas.

Concerto Nº 4, BWV 1049.
Os movimentos são :
1.Allegro.
2.Andante.
3.Presto.
Partes de violino extremamente virtuosas para a época, sendo considerado um concerto moderno para o barroco.

Concerto Nº 5, BWV 1050.
Os movimentos são :
1.Allegro.
2.Afetuoso.
3.Allegro.
Uma atenção especial dessa vez foi dada ao cravo, esse concerto muitos acham já estar pronto desde 1719, para uma competição que Bach iria participar tocando cravo.

Concerto Nº6, BWV 1051.
Os movimentos são :
1.Nenhuma indicação, executado eventualmente como Allegro moderato.
2.Adagio ma non troppo.
3.Allegro.
Um concerto um tanto quanto incomum, ele não utiliza violinos, sendo solistas 2 violas da braccio e 1 cello, e no acompanhamento violas da gamba e cravo.

                                                                        Johann Sebatian Bach - Brandeburg Concertos
 



Djalma de Campos 21/01/2014.











                                                       

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

R.I.P. Claudio Abbado.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje está triste pela perda dessa figura muito representativa para  a música clássica, o qual sempre foi inspiração para diversos outros músicos, e com um renomado respeito em todo o  mundo. Dirigiu grandes orquestras, como Scala de Milão, a Ópera de Viena, a Filarmônica de Berlim, e nos últimos anos estava a frente de uma orquestra formada por jovens músicos, sendo que seus participantes eram os principais jovens solistas europeus e norte americanos.
Claudio iniciou os estudos de música aos 8 anos, com o violino no conservatório onde seu pai trabalhava dando aulas, anos se passaram e ele teve a oportunidade de assistir a apresentação de uma obra do Debussy com a orquestra do Scala, após isso decidiu partir para a regência, onde desenvolveu suas técnicas e criou vários amigos e apoiadores, como na Academia Chigiana, com os regentes Zubin Mehta e Daniel Borenboim.
Com o passar dos anos ganhou concursos, resultados da  qualidade de seu trabalho que crescia cada vez mais, sendo que mais tarde foi convidado para ser assistente de Leonard Bernstein na Filarmônica de Nova York, e poucos anos depois chamou a atenção de Hobert Von Karajan, que o ajudou a fazer sua estréia no Festival de Salzburgo.
Anos se passaram e as oportunidades de emprego sempre apareceram em sua vida, porém com a saída de Berlim nos anos 2000 coincidiu com a descoberta de um câncer no estomago, muitos pensaram que o maestro poderia vir a parar de vez com a música, porém para a surpresa de todos ele continuou, mas não conduzindo orquestras grandes, e sim grupos específicos como Mahler Chamber Orchestra, o grupo de jovens solistas do Festival de Lucerna, e Orquestra Mozart.
O maestro estava afastado desde dezembro de 2013, por motivo de complicações da doença, onde cancelou várias apresentações com a Orquestra Mozart, sendo que nessa segunda-feira dia 20 de janeiro de 2014 ele veio a falecer, aos 80 anos.
(1933-2014)








Mahler - Symphony No. 5 : http://www.youtube.com/watch?v=vOvXhyldUko




Djalma de Campos 20/01/2014.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Alaúde.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai escrever sobre um pouco do que se sabe quando o assunto é o alaúde ou oud, esse instrumentos de origem incerta, sabendo-se apenas que os primeiros aparecimentos foram no oriente médio, posteriormente sendo levado para Europa pelos mouros, cujo se tornou muito popular durante a  renascença, sofrendo algumas transformações e se adaptando para cada determinado momento, assim evoluindo e passando para instrumentos cada vez mais modernos.
Os alaúdes eram encontrados com uma corda simples e 5 cordas duplas,essas que eram dedilhadas, sendo muito diversificado nos tamanhos e encontrado também na sua versão espanhola, que se chamava vihuela de mano, ao contrario do alaúde seu corpo tinha formato de 8 e braço reto, já o alaúde em formato arredondado, e as cravelhas inclinadas para trás, formando um ângulo de 90 º.
Sua fama popular se dava pela capacidade de tocar acordes, melodias, ornamentos e até peças com contraponto, que foi muito útil para acompanhar os conjuntos de canto, sendo que ele era o responsável por dar uma boa gama de sons de fundo para os cantores.
Outra relação é que os alaudistas usavam uma técnica de notação musical chamada tablatura, ela não representava a altura da nota ( como na partitura ), mas sim aonde cada dedo iria segurar na corda para produzir determinada nota, técnica a qual depois foi utilizada para muitos outros instrumentos.
Ainda hoje músicos que tocam músicas histórias, como a renascentista, utilizam réplicas do alaúde para dar uma maior fidelidade na sonoridade musical de sua apresentação.




                                                      Alaúde.









                                                      Vihuela.





                                                 

                                                                                 Fernanda Bertinato - Alaúde.


 

Djalma de Campos 17/01/2014.                      

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A arte da regência.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar de uma posição de destaque nas orquestras, porém nem sempre foi presente dessa forma, passando por uma transformação com o tempo e acompanhando a evolução das produções musicais durante a história, estamos falando da figura do regente, ou mais conhecido como maestro.
A posição do maestro nem sempre existiu de forma materializada como é hoje, desde que músicos tocam juntos, existe a figura de um dos membros que é responsável pela condução do grupo, porém isso era muito mais fácil de ser feito pelo membro nas músicas do período barroco, cujo os grupos eram reduzidos e a possibilidade de contato visual entre os músicos era muito maior, podendo assim se organizarem para marcarem entradas, ou o tempo da música.
Já quando os grupos começaram a crescer essa responsabilidade de condução passou para o primeiro violinista, onde ele por vezes tocava e outras dava a entrada para os membros, sendo também encontrada por  pianista ou cravista que se posicionavam na frente do grupo, que além de acompanhar e marcar o tempo, também mostrava as respectivas entradas de cada um.
Já na formação orquestral  a posição sentado ficava inviável para visualização dos outros membros, portanto um dos músicos ia até a frente e marcava o tempo batendo um bastão no chão, porém as batidas atrapalhavam a sonoridade da música a tornando com muitos ruídos, sendo que até um músico chamado Jean Baptiste Lully atingiu seu próprio pé com o bastão o machucando, tendo uma inflamação causando complicações  o levando a óbito, desde então decidiram que o bastão era muito perigoso e começaram a enrolar uma folha de partitura para que ficasse em forma de varinha para conduzir a orquestra, e apenas mais tarde no final do século XVIII foi introduzido a batuta de madeira como conhecemos hoje.
Essa posição na orquestra evoluiu cada vez mais, criando técnicas e gestos comunicativos para tornar o diálogo entre ele e a orquestra cada vez mais claro, além disso precisou desenvolver conhecimentos bem aprofundados de teoria, percepção, contraponto , rítmica, harmônia, etc. para que pudesse fazer que aquela orquestra soasse como uma unidade musical interpretativa.






The art of conducting : http://www.youtube.com/watch?v=Crfs0yJWC8s






Djalma de Campos 15/01/2014.